Crítica: G.I Joe - A Retaliação

Uma Mistura de Ação Megalomaníaca Com Filme B

Por Bruno de Souza

Há mais ou menos uma década, o espectador de cinema mudou seu ideal de filme de ação, principalmente de espionagem. Já não era mais convincente e crédulo os elementos  recorrentes ao exemplo da franquia do 007 James Bond, em que o vilão era caricato com planos de dominar o mundo, no geral grandiosos, e o mocinho que nunca se arranhava ou perdia a pose, sempre trazendo acessórios surpreendentes e passando por situações surreais. Como Hollywood é uma indústria e todas as suas mudanças são proeminentes do público, ou seja, o interesse é financeiro, então ela decidiu fazer alterações procurando assim atingir melhor a audiência. Com o avanço do cinema e de suas tecnologias, o uso dos efeitos visuais deixou de ser um recurso narrativo e se tornou o prato principal, o verdadeiro espetáculo. O gênero de ação contemporâneo pode de forma generalizada, se dividir em filmes com excesso de efeitos, que se sobrepondo a história e ao roteiro, procuram um tipo de ação mais crua e realista ao exemplo da franquia Bourne (inclusive o agente 007 pra se revitalizar foi influenciado pelo personagem interpretado por Matt Damon) Ao longo da mudança em 2002, um filme em especial tentou reinventar o conceito de agente chegando a satirizar, mas ao mesmo tempo, trazendo algo mais real sem tanto glamour e charme com muita pancada em sequências de ação estilizadas, “Triplo X”, o qual tem diversas semelhanças com a sequencia de G.I Joe, não se tenta levar a sério. O primeiro filme dos Joes traz muita caricatura e personagens parecendo sair de uma peça infantil de péssima qualidade, na verdade o filme todo parecia sem nexo e em desacordo dos conceitos, trabalhados de forma falha, o transformaram em um longa-metragem risível no mal sentido. No início de “G.I Joe: A retaliação” nota-se uma preocupação com o realismo, apresentando sequências que misturam tiroteio, pancadaria e Le Parkour, muito se assemelhando ao vídeo game, especialmente para nova mídia em voga, o que logo após o crédito inicial gera uma brincadeira referencial ao universo "game". Com  passar do tempo de duração,  perde-se então o realismo e dá-se vez à caricatura do primeiro filme liderada pelos vilões que parecem ter saído de Filme B de terror como “Mosquito Men”, “Homem cobra” e ainda uma mistura dos exageros do gênero de samurai. Mas nessa continuação em que o roteiro tenta ser mais sóbrio com nuances sérias, essas e outras questões conseguem se situar de forma plausível para que o filme passe a  ter uma identidade própria estilizada com elementos ultrapassados. Aqui, os únicos personagens que retornam são os vilões e Duke,  saindo logo de cena e dando lugar a outros personagens mais interessantes e carismáticos. A figura do The Rock é um acerto, conseguindo comandar o filme com sucesso, o ator consegue certo destaque até em títulos como “O Fada do Dente”. Outra boa escolha no elenco é Bruce Willis, personagem pouco participativo e mal utilizado. Willis interpreta um sujeito com uma essência de John McClane, de “Duro de Matar: Um bom dia para morrer”. Ele é responsável pelas melhores tiradas do longa aparentando estar bem a vontade e até se divertindo com o filme. De resto “G.I Joe 2” tropeça em problemas comuns do gênero por causa dos diálogos. que são  expositivos demais e que tentam resumir muito do que poderia ser demonstrado em imagem. Diversos buracos no roteiro com resoluções surreais. Uma sequência em especial, como por exemplo na cena em que personagens lutam em uma escalada, foi quase toda realizada com computação gráfica, tendo o movimento falso e sem fluir com o corpo muito leve. Mesmo com a seriedade e a ousadia de matar personagens importantes na trama, que esperamos não serem ressuscitados em um terceiro. “G.I Joe: A retaliação” não é um filme para ser levado a sério, é uma diversão rápida que pode ser digerida ou não, pelo descompromisso com realidade em excesso de surrealismo e elementos exagerados.