O véu
Por Marise Carpenter
Filme que deixa o espectador literalmente no escuro. As coisas vão
acontecendo de forma velada e dá para notar que são coisas graves e
que dão rumo à história. Porém, nós ficamos à parte dela e isso gera
uma enorme irritação e desconforto. Assim acontece com o casal
protagonista que ficou cinco anos sem saber o paradeiro de sua filha
sequestrada por um grupo islâmico na Argélia. Mesmo na última cena o
diretor não nos mostra. Só ouvimos de longe e supomos, assim como um
rosto debaixo do véu. Segundo a lei do Perdão e da Concórdia Nacional, vigente na Argélia, o criminoso que se apresentar à polícia e devolver sua arma deverá ser anistiado, tornando-se um arrependido ou, simplesmente, repenti. Após um período na região das altas planícies argelinas, onde os grupos islâmicos espalham terror, Rashid, um jovem jihadista, volta à sua cidade em busca de uma vida longe da violência, como repenti. Em uma jornada repleta de segredos e manipulação, Rachid deverá viver à sombra de crimes que foram perdoados, mas não esquecidos. Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2012.