Artigo: Um Balanço do Festival do Rio 2012 [Parte 2]

A segunda parte da trilogia textual, que realiza um balanço do Festival do Rio 2012, objetivando uma curta análise, apenas a fim de indicar recomendações, ou não, foca nos filmes vistos (que aos poucos serão opinados, ou “criticados”). 

“Moonrise Kingdon”, de Wes Anderson, conserva o estilo surreal e de estranheza narrativa do diretor, servindo como uma alfinetada ao comportamento social. O cineasta acertou em cheio. 

“Meu Pé de Laranja Lima”, concorrente ao Troféu Redentor, o diretor Marcos Bernstein (de “O Outro lado da Rua”), consegue o equilíbrio ao mesclar emoção e realidade ao adaptar o livro homônimo. Destaque para João Guilherme Ávila (o ator mirim, fantástico). 

“Tudo Que você Tem”, de Bernard Émond, tem nacionalidade canadense e gênero “submarino”, de dentro para fora. É imperdível ao mostrar o tédio da incompreensão social gerado por traumas passados. Lembra e muito, claro que em outra instância, “Na natureza Selvagem”, de Sean Penn. 

“Europa Morta” até tenta traduzir-se em metáforas, mas perde ritmo e equilíbrio ao inserir informações demasiadas sem aprofunda-las, gerando o clichê ao exacerbar a desgraça, sofrimento e o vazio existencial.

“O Gosto do Dinheiro” é o novo filme de Sang-Soo Im (de “A empregada”) e continua a mostrar as idiossincrasias da alta sociedade da Coréia do Sul, motivando ações e consequências por causa do dinheiro. Um filme imperdível. 

“Disparos” tem altos e baixos dentro da narrativa de filme "on the road". O destaque principal é a atuação de Wagner Moura, imprimindo nuances e características que o torna um excelente ator. Vencedor de três prêmios Redentor deste ano. 

“Diário de Uma Repórter”, um curto documentário de 68 minutos sobre a arte de ser repórter no Egito em 2011, meses antes da renúncia de Hosni Mubarak. Mescla internet e tradição, mas finaliza com um resultado morno. 

“A Guerra Invisível” aborda a questão do estupro quando as forças armadas americanas deixaram de ser segmentadas e passaram a ser mistas. O filme mostra os efeitos “colaterais” na vida de algumas mulheres que foram violentadas. Narrativa comum de documentário padrão. 

“Out In The Dark”, ótimo exemplar de drama gay sobre um relacionamento “Romeu e Romeu” passado em Israel. O diretor Michael Mayer (formado pela Universidade da Califórnia) mitiga clichês do gênero e apresenta uma obra equilibrada, realista, crível e extremamente bem construída. 

“Depois de Lucia” faz com que o cinéfilo recarregue suas forças assistindo um filme de uma simplicidade complexa absurda. O roteiro constrói passo a passo o comportamento humano atual dos adolescentes e as consequências de seus atos cruéis. Considerado por muitos o melhor filme do Festival. Outros o adoram com ressalvas de sugestões. Mas a unanimidade do gostar é fato.