O Artista


Ficha Técnica

Direção: Michel Hazanavicius
Roteiro: Michel Hazanavicius
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller, Missi Pyle, Beth Grant, Ed Lauter, Joel Murray, Bitsie Tulloch, Ken Davitian, Malcolm McDowell
Fotografia: Guillaume Schiffman
Trilha Sonora: Ludovic Bource
Produção: Thomas Langmann, Emmanuel Montamat
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: La Petite Reine / uFilm / JD Productions
Classificação: 12 anos
Duração: 100 minutos
País: França/ Bélgica
Ano: 2011

  




A Nostalgia Filosófica do Real Querer

“A época do tema puro e da imagem pura terminou. O cinema avança, só isso. Os que não participarem dessa virada ficarão para trás como ficam para trás os representantes do último fiapo de cinema mudo", de Jean-Charles Tacchella e Roger Théround, em 1949. Ledo engano, meus caros. A citação cinematográfica não poderia estar mais desajustada com os dias atuais, devido ao filme “O Artista”, ganhador de vários prêmios, como Oscar, Globo de Ouro, DGA (Directors Guild of America), e até o Golden Collar Award 2012, por Melhor Cão em um Filme. O “ator” cão (Uggie) merece cada aplauso, pois se comportou como um digno “profissional”, completamente fantástico. O sucesso do longa-metragem pode ser explicado se analisarmos o lado filosófico do ser humano, que procura no passado as respostas do presente, esquecendo-se que a ordem natural das coisas é inversa. O futuro significa, factualmente, certa evolução, tanto técnica, quanto de inovação. Chega a ser óbvio o pensamento, já que tendemos a melhorar a tecnologia, procurando novas formas de perfeições. Então, é de se estranhar que a nostalgia predomine no universo. O diretor francês Michel Hazanavicius entendeu esta estrutura do verdadeiro querer, e apostou em uma homenagem à era clássica do cinema mudo, optando por abordar a transição do gênero “gestual” ao falado. O cineasta aceitou um desafio pessoal, e passional, e escreveu o roteiro de um filme mudo e em preto e branco, escalando sua esposa Bérénice Bejo e Jean Dujardin (com quem havia trabalhado em “OSS 117”). O diretor foi ousado e por que não dizer pretensioso, pois seguiu por um caminho que poderia ser um sucesso estrondoso ou um total fracasso.


O resultado satisfatório, se o destrincharmos pelo campo da lógica, aconteceu não por genialidade e ou recriação de um cinema, mas sim, única e exclusivamente, pela repetição do que já existia. A homenagem relembrou um cinema antigo puro e que não existe mais. No período do Oscar deste ano, muitos comparavam “o Artista” ao filme “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, pela semelhança do tema. Não, não são iguais. Um é um, o outro é outro. Talvez, o maior problema atual seja a referência final de definição e não só a lembrança de algo que se pareça. Não há nada de novo no roteiro do filme em questão aqui, mas não se precisa deste elemento. A simplicidade do que já era foi conservada e isso é o seu ponto mais importante, é o que o torna genial, retratando um passado que não possuía tantas opções, então era de se esperar, o consumo exagerado ao pouco que se tinha, criando histerias e autoprojeções de cada um de tentar fazer parte da “fama”. Outro que também merece cada aplauso é o ator Jean Dujardin, personificando a figura da metalinguagem. Um ator de cinema mudo que sai da fantasia para a realidade ficcional, dentro de uma fotografia que arrebata os olhos de quem assiste, despertando a fascinação, a nostalgia de uma época não vivida e a emoção de rever na atualidade um gênero que “deu lugar” a voz. Recomendo.


Na Hollywood de 1927, o astro do cinema mudo George Valentin (Jean Dujardin) começa a temer se a chegada do cinema falado fará com que ele perca espaço e acabe caindo no esquecimento. Enquanto isso, a bela Peppy Miller (Bérénice Bejo), jovem dançarina por quem ele se sente atraído, recebe uma oportunidade e tanto para traballhar no segmento. Será o fim de sua carreira e de uma paixão?

Durante as filmagens, o ator Jean Dujardin mudou-se para uma casa construída em 1930, nem isolada, em Hollywood Hills. A dupla Jean Dujardin e Bérénice Bejo ensaiaram suas cenas de dança no mesmo estúdio de Debbie Reynolds e Gene Kelly. A atriz Penelope Ann Miller já tinha interpretado a famosa atriz do cinema mudo Edna Purviance em Chaplin (1992). O personagem Jack, cachorro da raça Jack Russell Terrier, foi interpretado por três cães parecidos chamados Uggie, Dash, e Dude. Na verdade, Uggie fez a maioria das cenas, mas para aquelas que ele não participou os outros animais tiveram que ser coloridos para se parecerem com ele. O orçamento estimado foi de US$ 12 milhões. Foi o ganhador de 5 Oscars: Melhor Filme, Melhor Diretor (Michel Hazanavicius), Melhor Ator (Jean Dujardin), Melhor Trilha Sonora e Melhor Figurino. Venceu do Globo de Ouro 2012 de Melhor Filme - Musical ou Comédia, Melhor Ator (Musical ou Comédia) para Jean Dujardin e Melhor Trilha Sonora. Recebeu o prêmio DGA (Directors Guild of America) como Melhor Diretor (Michel Hazanavicius). Ganhador do Golden Collar Award 2012 de Melhor Cão em um Filme (Uggie).




O Diretor

Michel Hazanavicius (Paris, 29 de março de 1967) é um cineasta e roteirista francês. Iniciou sua carreira na TV no Canal Plus em 1988, onde dirigiu comerciais.[1] Em 1993 escreve e dirige seu primeiro telefilme, La Classe américaine. Ganha notoriedade com os filmes de espionagem e comédia OSS 117:Cairo, Nest of Spies, de 2006 e sua sequência, OSS 117 : Rio ne répond plus, de 2009. Escreveu e dirigiu O Artista de 2011, um filme mudo e em preto e branco, em que participaram sua esposa Bérénice Bejo e Jean Dujardin, com quem havia trabalhado em OSS. Esse filme ganhou o oscar de melhor filme em 2012 e Hazanavicius, com ele, foi premiado com o prêmio de melhor diretor.