Ao escrever sobre “Além dos Muros”, há a necessidade de se traçar um perfil sobre o gênero cinematográfico de temática gay. Se analisarmos a estrutura narrativa, poderemos detectar abordagens recorrentes, que se comportam ou como dramáticas, catastróficas, fúteis e ou pornôs. No filme em questão aqui, exibido na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2012, o belga David Lambert, estreante na direção de um longa-metragem, não traz nada de novo, apenas conserva os elementos, como por exemplo, codependência, instinto sexual, traições e “medo” da sociedade. Ao optar pelas excessivas inserções de reviravoltas narrativas, David não consegue aprofundar nenhum segmento. Há a relação com a namorada, existe a irmã, o piano, o bartender, o integrante da banda de indie rock, a asma, a prisão por haxixe, a briga, as possibilidades sexuais. Isso fornece à atmosfera o tom superficial, sem a “química” necessária aos protagonistas. É clichê, piegas, e utiliza-se do gatilho comum da própria temática a fim de resolver as “pendências” da história, explicitando o vazio do roteiro sem equilíbrio interpretativo. Quase como um padrão definidor, salvo raras exceções, como o filme “Plata Quemada”. No mundo gay, só a temática homossexual já supre a “qualidade” do filme, analisados por um público alvo especifico que deseja assistir na tela uma relação de dois integrantes do mesmo sexo. Dentro deste contexto insatisfatório, não podemos negar a existência de cenas interessantes, divertidas, sacadas inteligentes e perspicazes, pinçadas entre o todo, que “quase” se comporta como uma “cópia” de outras histórias semelhantes. Porém a essência é conservada, mitigando a possibilidade experimental de um tema “minoritário”. Concluindo, um filme de gay para gay.