O documentário “Romance de Formação”, de Júlia De Simone, apresenta o cotidiano de cinco jovens brasileiros que vivem em grandes instituições acadêmicas. O filme tem uma narrativa lenta, porém não é algo que faça o espectador bocejar, pelo contrário, ao mostrar a vida desses jovens que vivem distantes de suas cidades de origem o espectador se encanta com cada depoimento dado, sempre na expectativa crescente em acompanhar suas atividades acadêmicas. Seus anseios, sonhos, as projeções para o futuro e seus relacionamentos afetivos são retratados de uma forma bastante objetiva. Planos longos e uma interessante fotografia complementam este painel humano. A abertura do filme traz um estudante de piano tocando em um concerto, este jovem toca desde muito pequeno, aos 6 anos já sabia tocar a quinta sinfonia de Beethoven. Próximo ao término do documentário ele assiste a uma gravação na qual participou de um talk show ainda criança e compara o que sentia naquela época a sua vida atual. Ele faz uma avaliação positiva e percebe nitidamente o seu amadurecimento com palavras bem precisas em seu discurso. Todos eles são ligados às artes, com exceção apenas de um estudante de química. Muitos estudam e trabalham, no entanto, no decorrer do filme não é mostrada a sua vida social, não se sabe se eles frequentam festas, galerias de artes ou bares. Algo que não tira de modo algum o mérito do filme, mas é como se faltasse uma peça no quebra cabeça. A relação mantida com a família através do telefone ou por computador ameniza a saudade, sentimento este que é muito bem administrado por eles e em momento algum o filme resvala à pieguice. Lágrimas não são derramadas em Romance de Formação. Vale a pena conferir este interessante cotidiano juvenil.