Crítica: Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge



Ficha Técnica

Diretor: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan
Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Morgan Freeman, Michael Caine, Anne Hathaway, Joseph Gordon-Levitt, Liam Neeson, Tom Hardy, Cilliam Murphy, Marion Cotillard, Maggie Gyllenhaal
Fotografia: Wally Pfister
Trilha Sonora: Hans Zimmer
Produção: Christopher Nolan, Charles Roven, Emma Thomas
Distribuidora: Warner Bros.
Duração: 165 minutos
País: EUA, Reino Unido
Ano: 2012
SITE: http://wwws.br.warnerbros.com/batman3

 



 O Homem Morcego Encontra Karl Marx

Batman está de volta, trazido pelo diretor Christopher Nolan. Talvez, o elemento diferencial de fascinação sobre o super-herói que vive nas sombras é a própria falta de poderes, o tornando, assim, mais humanizado aos outros. Batman nasceu na revista em quadrinhos, Detective Comics #27, em Maio de 1939, pelos criadores, o desenhista Bob Kane e o escritor Bill Finger. Se analisarmos a história de vida do personagem, perceberemos esta referência humana, quase mitigada de poderes especiais. Digo quase, porque os mesmos vieram de projeções tecnológicas. O próprio uniforme* é baseado no medo de infância: morcegos. Sua força, traumatizada ao assistir seus pais serem mortos com tiros de revólver, lhe deu aversão a armas de fogo, fazendo com que ele - tendo como identidade secreta, seu alter ego Bruce Wayne (de novo o ator Christian Bale), empresário, playboy e filantropo bilionário - viajasse pelo mundo, tentando compreender a mente criminosa, e treinando tipos de artes marciais e técnicas de combate, usando apenas o intelecto, habilidades investigatórias, tecnologia, dinheiro e um físico bem preparado em sua guerra contra o crime. “O sofrimento fortalece o caráter”, diz-se. O fato de ser milionário instaurava outra metáfora. Era preciso dinheiro para que se pudesse salvar o mundo. Este tópico apresenta-se de forma explícita na nova versão do herói mascarado, que o diretor Nolan (de “A Origem”) explora ao máximo os elementos comerciais de ação, intercalando violência e existencialismo.


“O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, o último filme da trilogia abordada por Nolan, que se inspira na série de quadrinhos “Batman: Knightfall”, de 1993, em que Batman volta a Gotham City (Nova Iorque) após uma ausência de dez anos, e marca o surgimento do vilão Bane (interpretado por Tom Hardy), transpassa discussões contemporâneas e políticas sobre a economia atual e sobre o questionamento do capitalismo. O “vilão” da vez, vindo das profundezas da sociedade das trevas, tenta restaurar o socialismo de raiz, intrínseco de Karl Marx. Há quem compare com o filme anterior, que imortalizou o coringa de Heath Ledger, mas isto é um erro, porque são temáticas diferenciadas utilizando-se de um mesmo super-herói. Na versão em questão aqui, o conteúdo político é aprofundado, gerando ampliações de possíveis modelos econômicos. O diretor utiliza-se de gatilhos comuns, de diálogos mais teatralizados e de clichês referenciais, talvez a fim de suavizar a carga explícita da violência psicológica. 


Concluindo, o filme é um excelente exemplo de analise política sobre a forma de economia atual e sobre o radicalismo de se tentar mudar o caminho das ações. Não estou aqui para expor detalhes da trama, então finalizo com a sinopse, que traduz exata e unicamente o que o espectador precisa saber, não podendo deixar de mencionar a personagem Selina Kyle/Mulher-Gato e Bane (vivida por Anne Hathaway, de “O Diabo Veste Prada”) Batman (Christian Bale, de “Psicopata Americano”) é perseguido pela lei depois de ser acusado de ter assassinado do promotor Harvey Dent. A busca, liderada por seu amigo Comissário Gordon (Gary Oldman, de “Drácula de Bram Stoker”), não chega a lugar algum, mas obriga o herói a abandonar sua identidade secreta. Em meio à dor pela morte de seu amor Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), oito anos depois, até que o Homem-Morcego é obrigado a voltar à ativa quando o líder terrorista Bane (Tom Hardy) chega a Gotham City trazendo o caos e destruindo tudo a sua frente. Vale à pena assistir. RECOMENDO.

* O figurino de Batman é composto de 110 peças separadas. O peso total do traje com capuz e capa é de aproximadamente 13,6 quilos.


Foto: Divulgação

Christopher Jonathan James Nolan (30 de julho de 1970) é um diretor, roteirista e produtor de cinema britânico-americano. Ele é mais conhecido por escrever e dirigir filmes aclamados pela crítica como Memento, Insomnia, Inception e os novos filmes da franquia Batman. Nolan é fundador da companhia cinematográfica Syncopy Films e possui dupla nacionalidade americana e britânica. Ele frequentemente trabalha com seu irmão roteirista Jonathan Nolan, sua esposa produtora Emma Thomas, diretor de fotografia Wally Pfister, editor Lee Smith, compositores David Julyan e Hans Zimmer, supervisor de efeitos especiais Chris Corbould, e os atores Christian Bale, Michael Caine e Cillian Murphy.

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Por Fabricio Duque