Crítica: As Bem Amadas

Ficha Técnica


Diretor: Christophe Honoré
Roteiro: Christophe Honoré
Elenco: Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Ludivine Sagnier, Louis Garrel, Milos Forman, Paul Schneider, Radivoje Bukvic, Michel Delpech, Omar Ben Sellem, Dustin Segura-Suarez
Fotografia: Rémy Chevrin
Trilha Sonora: Alex Beaupain
Produção: Pascal Caucheteux
Distribuidora: Imovision
Estúdio: Why Not Productions / France 2 Cinéma / Sixteen Films / Canal+ / France Télévision / Orange Cinéma Séries / Région Ile-de-France / Negativ / Le Fonds d'Action de la Sacem
Duração: 139 minutos
País: França, Reino Unido, República Checa
Ano: 2011
 


A Elipse Pop e Musical da Novelle Vague


Há um novo exemplar de gênero cinematográfico que vem da França. Pode ser considerado uma versão pop da Novelle Vague. Um desses diretores é Christophe Honoré (de “A Mãe”, “Canções de Amor”, “Em Paris”), genuinamente francês, que explora a real liberdade do ser, desmascarando tabus, como traição, prostituição humanizada, dependência emocional, juventude, opção sexual, crises existenciais e a nostalgia de se envelhecer, entre músicas cantadas pelos mesmos personagens, podendo sim, ser considerado um musical. Christophe trabalha também sempre com suas queridinhas, as atrizes, Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Ludivine Sagnier, e seu ator mais que perfeito, Louis Garrel. E faz um filme família, sem rótulos e sem gênero, visto a dificuldade de definir a essência. 


A trama acontece de Paris na década de 1960 a Londres nos 2000, retratando a vida de Madeleine (Catherine Deneuve/ Ludivine Sagnier) e sua filha Vera (Chiara Mastroianni), que vivem intensamente seus amores, ora de forma leve, ora dolorosa, ora doce e ora amargo. Experimentam a paixão passional, desenfreada e sem limites, entre pequenos furtos palpáveis, ilusórios, sentimentais e ou inimagináveis. Passeia-se pela fantasia do querer sonhado e a realidade da conquista obtida. Entre alienações políticas, aceitações poligâmicas, amores incondicionais e dependentes, o roteiro desdobra-se para resolver as elipses abordadas, às vezes, precisando apelar ao bom e velho comodismo narrativo. É longo e arrastado. 


Mas há inúmeros momentos gratificantes de poesia crua de inerência naturalista, principalmente pelas músicas, que indicam o porquê, a próxima etapa e ou fechamento de uma sequência, como “O único problema é que não posso viver sem te amar”. O “comportamento” da filha, talvez, possa ser explicado pela complicada e sem limites história dos pais: a dificuldade de amar, a busca pelo impossível. Entende-se o que se quer dizer, mas o roteiro não cria conectividade. Quando digo que é um filme família, é porque o diretor quer incluir elementos achados pertinentes, como a trama paralela que gera um ménage à tois e as consequências, acompanhada por músicas de indie rock e de Everything But The Girl. Concluindo, um filme de instantes, mais soltos que integrados. Mesmo assim, vale à pena. Filme de encerramento do Festival de Cannes 2011. RECOMENDO. 





O Diretor

Christophe Honoré (Carhaix-Plouguer, 10 de abril de 1970) é um diretor, roteirista e autor de livros infantis francês.

Filmografia

2011 - Bem Amadas
2010 - Homem no Banho
2009 - Não, Minha Filha, Você Não Irá Dançar
2008 - A Bela Junie
2007 - Canções de Amor
2006 - Em Paris
2004 - Minha Mãe
2002 - 17 fois Cécile Cassard
2002 - Todos Contra Léo







Por Fabricio Duque