A Toda Prova

Ficha Técnica

Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Lem Dobbs
Elenco: Gina Carano, Michael Fassbender, Michael Angarano, Channing Tatum, Debby Lynn Ross, Michael Douglas, Antonio Banderas, Ewan McGregor, Julian Alcaraz, Eddie J. Fernandez, Lluís Botella Pont
Fotografia: Steven Soderbergh (como Peter Andrews)
Trilha Sonora: David Holmes
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Relativity Media / Irish Film Board
Produção: Gregory Jacobs, Ryan Kavanaugh
Duração: 93 minutos
País: EUA/ Irlanda
Ano: 2011
COTAÇÃO: REGULAR



A opinião

É inerente ao cinema a experimentação, utilizando-se de recursos pouco ortodoxos a fim de surpreender quem se posiciona do lado projetável da tela. Um dos seguidores deste estilo é o diretor Steven Soderbergh, que se consagrou logo no primeiro longa-metragem mundialmente comentado “Sexo, Mentiras e Videotape”. Em 2006, lançou um plano ousado de distribuição de filmes, com seis experiências, tendo o filme em questão aqui “A Toda Prova” como um deles. Mas o que deveria ser algo qualitativo transformou-se, inversamente, em quantitativo. Não podemos negar a estética diferenciada dos ângulos de câmera do cineasta. Conservando características narrativas de seus filmes anteriores, o roteiro apresenta-se como um moderno faroeste, buscando inspiração em diretores como Quentin Tarantino, de “Kill Bill”. A fotografia alaranjada, meio envelhecida, assemelha-se a nova tecnologia Instagram, que fornece à imagem atmosfera nostálgica de um filme antigo, no melhor gênero filme B dos anos sessenta e setenta.


A agente secreta Mallory Kane (Gina Carano, lutadora de MMA, tendo a voz alterada para o filme, dando à personagem um tom mais profundo) foi treinada por seu parceiro Kenneth (Ewan McGregor, de “A Ilha”, “Moulin Rouge”). Eles viajam pelo mundo executando missões que chefes de Estados e governantes fingem não estar a par. Depois da falha de uma missão em Barcelona, Mallory vai para Dublin e trabalha ao lado de Paul (Michael Fassbender, de “Shame”). Os rumos desta nova missão levam Mallory a uma armadilha, começada por Aaron (Channing Tatum, de “Querido John”). A protagonista digressiona explicando a história a um suposto “refém”, e apoderando-se de técnicas de espionagem, caratê e do filme matrix, conduz a violência de socos e pontapés de forma elegante e classista. Podemos observar outro elemento importante. Soderbergh possui muitos amigos atores, e famosos, e todos fazem participações especiais, na maioria das vezes abrindo mão do cachê.


Neste longa-metragem de pouco mais de noventa minutos, aparece em cena Antônio Banderas, Michael Douglas, Ewan McGregor, entre outros. Quanto às interpretações, o tom utilizado é o formal, prezando pelo superficial, propositalmente, quase clichê, aliada à narrativa fragmentada de imagens e velocidade de videoclipe, mudando cores por perspectivas e inserindo trilha sonora como resumo das ações apresentadas, gerando a sensação de um pseudoproduto comercial. O filme passa por Nova Iorque, Barcelona, Dublin, San Diego, Barcelona, Novo México. “Pensar nela como uma mulher seria um erro”, diz-se sobre a personagem principal, uma “macho heroína”. Excetuando-se alguns momentos de surto cinematográfico, como o surrealismo de um animal atropelando um carro em movimento, a estrutura contextual é equilibrada ao objetivo de ser uma experiência comercial. Concluindo, um filme que não acrescenta. Que é fraco e patético, mesmo querendo ser uma homenagem ao cinema de filme B. É mais um Soderbergh, mais nada.

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O Diretor

Steven Soderbergh (Atlanta, 14 de janeiro de 1963) é um cineasta americano. É creditado algumas vezes em filmes como Peter Andrews ou Sam Lowry. Quando adolescente descobriu o cinema fazendo pequenos filmes em super 8. Pegava o equipamento emprestado na Lousiania State University e fazia filmes inspirados em cineastas diversos, como Andrei Tarkovski. Soderbergh também fez, eventualmente, free-lancers como editor de filmes. Tornou-se famoso por executar várias funções dentro de um mesmo filme, como direção de fotografia, edição, direção e roteiro. Como a WGA proíbe que o cineasta exerça múltiplas funções dentro de um filme, ele assina sob diferentes pseudônimos. Em 2001 tornou-se o terceiro diretor a ser indicado ao Oscar de melhor diretor por dois filmes, Traffic e Erin Brockovich (o primeiro foi Victor Fleming, no ano de 1939 e o segundo foi Francis Ford Coppola no ano de 1974 por O Poderoso Chefão - Parte II e A Conversação). Foi também o vencedor mais novo da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1989, por seu trabalho no filme de estreia na carreira, Sexo, Mentiras e Videotape. Entrou no mundo da direção quando filmou um espetáculo do grupo de rock Yes, o que lhe rendeu uma indicação ao Grammy. O vídeo do show foi o 9012 Live, em 1986. Em 2006 lançou um plano ousado de distribuição de filmes, que tem seis experiências. O primeiro foi Bubble, um filme sem importância a não ser pelo fato de que, além do cinema, também foi, simultaneamente, lançado em DVD e na televisão paga. Esse fato ocorreu, em parte, pela mudança de costumes das pessoas, no mundo todo, já que elas já alugam mais DVDs, assistem mais videos na web, também baixam filmes na rede e veêm muita televisão (aberta ou paga) do que simplesmente ir ao cinema. Ele, que veio do meio cinematográfico independente, se justificou, dizendo que o espectador, atualmente, quer ter mais controle sobre as formas de ver filmes; é um processo irreversível.

Filmografia

1987 - Winston
1989 - Sexo, mentiras e videotape
1991 - Kafka
1993 - O inventor de ilusões
1995 - Obsessão
1996 - Grey's Anatomy
1996 - Schizopolis
1998 - Irresistível paixão
1999 - O estranho
2000 - Erin Brockovich, uma mulher de talento
2000 - Traffic
2001 - Onze homens e um segredo
2002 - Full Frontal
2002 - Solaris
2004 - Eros'
2004 - Doze homens e outro segredo
2005 - Bubble
2006 - O segredo de Berlim
2007 - Treze homens e um novo segredo
2009 - Che
2009 - Confissões de uma Garota de Programa
2009 - O Desinformante
2010 - And Everything is Going Fine
2010 - The Last Time I Saw Michael Gregg
2011 - Contágio
2011 - A Toda Prova

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