CAIRO 178 (678) 2012 (Egito) 100 min / Drama de Mohamed Diab com Boshra, Nelly Karim, Nahed El Sebaï, Bassem Samra. Fayza (Boshra) é uma dona de casa pacata e mãe de dois filhos, que não consegue evitar o assédio diário ao pegar o ônibus. No outro lado da cidade vive Seba (Nelly Karim), uma endinheirada designer de jóias que, após ser violentada durante um jogo de futebol, passa a ensinar outras mulheres a se defender. Já Nelly (Nahed El Sebaï) virou alvo de todo o país ao se tornar a primeira egípcia a apresentar uma queixa na justiça por assédio sexual.
O filme tenta retratar a realidade da vida das mulheres egípcias, onde até bem pouco tempo o estupro não era considerado crime, trazendo à vítima que ousasse denunciá-lo e a sua família o escândalo e o ostracismo social. Em termos de cinema, o roteiro é mal costurado, a direção de atores primária e os personagens são rasos, sem nenhuma profundidade dramática. As atrizes não comprometem, mas também não valorizam um trabalho morno e aquém do que se espera de um filme com esse argumento. Talvez por causa do roteiro confuso e raso. Alguns dramas e conflitos são esboçados, mas não levam a nada nem a lugar nenhum, e saem de quadro antes do seu desenrolar. Ao ler nas entrelinhas tem-se a sensação que o diretor faz esforços louváveis para ser solidário à causa das mulheres, mas não consegue, e permanece num meio termo morno, demonstrando inclusive uma certa simpatia pelos algozes. Como quando o marido de uma das personagens femininas é flagrado acossando uma mulher no ônibus, depois de ser sistematicamente rejeitado pela esposa, desde o início do filme. Nunca saberemos o por quê da atitude dela, que fez o "coitado" ter que procurar satisfação de maneiras que Alá talvez não aprovasse. Enfim, um desses filmes menores, sem qualidade artística ou documental apreciável.