Elenco: Juliana Schalch, Gabriel Godoy, Victor Mendes, Sophia Reis, Guilherme Godoy, Cecília Homem de Mello, Rafael Maia, Alceu Nunes, Henrique Taubaté
Fotografia: Ricardo Della Rosa
Música: Ed Cortês
Direção de arte: Clô Azevedo
Figurino: André Simonetti
Edição: Daniel Rezende
Produção: Nando Olival, Ricardo Della Rosa
Distribuidora: Warner Bros.
Estúdio: Warner Bros.
Duração: 80 minutos
País: Brasil
Ano: 2011
COTAÇÃO: EXCELENTE
A opinião
“Os 3” aborda a história de três jovens universitários (Juliana Schalch, Gabriel Godoy e Victor Mendes), vindos de pontos diferentes do país, se conhecem durante uma festa e se tornam inseparáveis. Alugam um apartamento juntos e, de tão próximos, ficam conhecidos como "Os 3". Passam quatro anos mergulhados nesta amizade, mas, com o fim da faculdade e tendo de seguir adiante com suas próprias pernas, eles aceitam transformar o apartamento em que moram num cenário de reality show, onde tudo está à venda e eles mesmos são os personagens. Já disse que tenho dificuldades para escrever sobre um filme que realmente gosto. Este é um deles. Transpassarei as sensações sinestésicas de quando assisti pela primeira vez no Cinema Odeon, na Cinelândia, Rio de Janeiro. Confesso que desde as informações iniciais, eu já pressentia que entraria na lista dos meus favoritos. Outro encantamento foi entrevistar, mesmo que rápido, os atores e o diretor Nando Olival, com quarenta e sete anos, mais parecendo um dos jovens que participa da trama, que dividiu a direção e o roteiro de “Domésticas”, filme com Fernando Meirelles. “Os 3” é o seu primeiro longa-metragem solo. Se observarmos o restante da ficha técnica, então criaremos um maior número de argumentos para “correr”, literalmente, ao cinema. A fotografia é de Ricardo Della Rosa, ABC (o mesmo de “Amanhã Nunca Mais” e a montagem é de Daniel Rezende (Tropa de Elite).
Convenci o espectador? Espero que sim. Mesmo assim, complemento informações. Há inúmeras inferências a temas como esse. Uma delas é o seriado televisivo da MTV Brasil, “Descolados”, sobre três jovens de vinte e poucos anos, que se conhecem ao acaso e vão morar juntos, numa experiência em que, mais do que um apartamento, eles dividirão as conquistas e os percalços da passagem para a vida adulta. Outra é o seriado feito a HBO Brasil chamado “Alice”, com direção de Karim Aïnouz e Sérgio Machado. Há muitos outros que expõe uma juventude menos amarrada a tribos. Esses jovens experimentam a vida, possibilidades, passionalidades, liberdades, amores, desejos, sem tabus, preconceitos e limitações. Tudo é possível. Quando a fotografia retrata uma imagem, com a incrível edição que não corre, não é lenta, que funciona exatamente captando um momento real, porém com cortes técnicos e agilidades de frames. O espectador torna-se cúmplice da história, participando das ideias, decisões e soluções. É claro sem interferir. É um filme que desperta os quereres de quem está do outro lado da tela. Um apartamento, um carro velho, uma “piscina” pequena e três “amigos” coloridos, vivendo um triângulo amoroso.
Com eles trocam-se anseios, medos, um “tesão” incontrolável, excitações, sendo vigiados ou não por um projeto acadêmico que gerou sucesso. São cobaias deles mesmos, passando o tempo em um big brother moderno, que para continuar necessita de invenções, mesmo sendo estapafúrdias, surreais e absurdas com um toque ou não de ingenuidade. “Por que vocês não podem ser um?”, ela pergunta. Nando acertou em cheio. Também depois de dirigir mais de 500 comerciais, sendo premiado em importantes festivais, a maneira de fazer, a arte de colocar a câmera no lugar certo, soa muito mais fácil. O roteiro, que divide com Thiago Dottori, manipula os sentimentos nostálgicos do espectador, o inserindo, por oitenta minutos, de terapia cognitiva, com absorção automática, do universo juvenil. Existem poucos filmes que criam a vontade de assistir várias vezes. Este é um deles. Despretensioso, maduro e adolescente ao mesmo tempo, emocional sem ser clichê, aventureiro e impecável. Vale muito à pena assistir. Recomendo.
Trailer e Entrevistas (Festival do Rio 2011)
O Diretor
Nasceu em 1964, em São Paulo. Dirigiu mais de 500 comerciais, sendo premiado em importantes festivais. Em 2001, dividiu a direção e o roteiro de Domésticas, o filme com Fernando Meirelles e dirigiu e roteirizou dois curtas metragens: E no Meio Passa um Trem (1998) e Um dia...e logo depois um outro (1999). Este é seu primeiro longa-metragem solo, produzido pela Cinema Sport Club, produtora que abriu em sociedade com Ricardo Della Rosa.