Para Sempre Silvio

"O personagem Silvio"

A opinião (por Fabrício Duque)

“Para Sempre Silvio”, com título em inglês “Silvio Forever” conta a história de Silvio Berlusconi, um dos homens mais poderosos da Itália. É Primeiro-ministro, e dono de um conglomerado de mídia, comportando-se como figura central na política recente de seu país. Através de imagens de arquivo e narrações retiradas textualmente de entrevistas e discursos, o filme constrói, de forma debochada, engraçada e extremamente perspicaz (com a sutileza de não produzir o julgamento, apenas o incitando pelo próprio estilo de vida de Silvio – deixando a “destruição” política a cargo do personagem político que mais parece fictício), uma autobiografia não-autorizada de Berlusconi. Partindo de seu nascimento em meio ao regime fascista, passando por sua controversa ascensão como empresário, e chegando aos dias de hoje, em que ele se vê envolvido em escândalos políticos e pessoais, o filme faz um contundente retrato do estadista italiano, parodiado por comediantes italianos, como por exemplo, Roberto Benigni. São inúmeras picardias sobre a vida pessoal que se mistura à vida do político. O início do longa-metragem pode ser considerado uma campanha pro Belusconi, o retratando de forma livre, cultural, mulherengo, quase um Paulo Maluf italiano. Ele canta, dança, paquera, conta piadas sobre a própria vida – auto irônico – e fazendo graça com frases de efeito. “É um pouco de charme”, diz. “Sou invencível”, diz com humor palhaço e pastelão. Silvio é a própria figura do entretenimento, completamente natural. Insere, nos diálogos, televisão Spaguetti, champanhe ao sábado, filme de Dario Argento que a namorada participou como atriz, a paixão pelo time Milan. A graça ganha da política. “É o maior vendedor que existe no mundo”, diz-se. “Linguagem rude, mas eficaz”, sentencia-se. “Vencemos até o câncer”, diz em tom marqueteiro, tendo até um show do Bono do U2. “Ele massifica a mentira até torná-la verdade. É um estuprador da Democracia”, critica-se. Ao longo, as hipocrisias do circo político são bem mais explícitas. É muito bom. Recomendo.