Crítica: O Abismo Prateado

Cinema Prateado

Por Fabricio Duque

“Um filme para ser visto ao pé do ouvido”, diz o cultuado diretor Karim Aïnouz (de “Madame Satã”, “O Céu de Sueli”, “Viajo porque preciso, Volto porque te amo”), baseando seu novo filme “O Abismo Prateado” na canção “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque. O filme possui, explicitamente, a assinatura de Karim, corroborando as  típicas características da forma como faz cinema. É um diretor que experimenta, que inventa técnicas cinematográficas, como foi o caso de “Madame Satã”, quando “riscou” o único negativo, porque ele desejava uma sensação visual diferenciada. Na opinião deste blog site, Karim é um dos cineastas favoritos. Ele busca a naturalidade dos diálogos e ações, aprofundando o cotidiano com poesia realista, sóbria e sem clichês. Os seus personagens vivem angústias, decepções, reviravoltas, mas não deixam de lado a esperança, sentimento este que os impulsiona a fim de que possam consertar e ou acostumar com os acasos e os imprevistos. Quando tudo parece estar bem, o cansaço e a necessidade da mudança torna-se inevitável. Violeta (Alessandra Negrini – excelente no papel de protagonista por estar contida, econômica, humanizada, decidida e natural), 40 anos, dentista, casada, um filho adolescente, esta pronta para começar mais um dia em sua rotina, entre seu consultório e o seu novo apartamento em Copacabana. Ao receber uma mensagem desconcertante do seu marido (vivido por Otto Jr.) em seu celular, Violeta embarca em uma jornada pelas ruas do Rio de Janeiro até o nascer do sol, aventurando-se e conhecendo vidas e tipos alheios, com problemas, anseios e sobrevivências. Karim entende o ser humano, material bruto que lapida com qualidade e competência. Concluindo, O Vertentes do Cinema entenderá se a leitura desta opinião não for terminada pela excessiva e obrigatória necessidade que o espectador terá de correr ao cinema. Não Perca!