Pronta Para Amar

Ficha Técnica

Direção: Nicole Kassell
Roteiro: Gren Wells
Elenco: Kate Hudson, Whoopi Goldberg, Peter Dinklage, Gael García Bernal, Kathy Bates, Jaqueline Fleming
Fotografia: Russell Carpenter
Música: Heitor Pereira
Direção de arte: W. Steven Graham
Figurino: Ann Roth
Edição: Stephen A. Rotter
Produção: John Davis, Mark Gill, Robert Katz, Neil Sacker, Adam Schroeder
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Davis Entertainment
Duração: 117 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: ENTRE O REGULAR E O BOM



A opinião

“Pronta para amar” aborda o tema da morte, tendendo a modificação interna da personagem principal Marley (Kate Hudson) descobre que está tentando vencer um câncer. Em meio a sua luta, ela conhece Julian (Gael Garcia Bernal), um rapaz por quem se apaixona. Neste momento decisivo da sua vida, ela percebe que sente mais medo de amar do que de morrer. O espectador pode inferir a filmes terminais em vários níveis de dramaticidade, como “Tudo por amor”, com Julia Roberts, sendo “Doce Novembro” o mais explícito de ser percebida a referência. A protagonista vê em sua doença a possibilidade de restaurar e consertar detalhes não resolvidos em sua vida, mitigando o seu medo sobre decisões, principalmente no departamento sentimental. A atriz Kate Hudson (de “Quase Famosos”, “Dr. T e as mulheres”, “Como perder um homem em 10 dias”), filha da também atriz Goldie Hawn, sempre vivenciou papéis de comédias românticas, com enfoque em tentativas de inserir a perspicácia do humor americano.


O elemento perspicaz pode ser satisfatório quando a novidade existe. Ao massificá-la em inúmeros roteiros cinematográficos, perde o caráter experimental e inovador, tendendo ao óbvio, ao clichê e a argumentos preguiçosos, que servem como gatilhos comuns do comodismo que corrói as histórias hoje em dia. O círculo vicioso é claramente observado no longa-metragem em questão, dirigido por Nicole Kassell (de “O Lenhador”, um excelente drama com Kevin Bacon, sobre um pedófilo, que após doze anos de prisão volta para casa). A inclusão do romantismo ingênuo e da narrativa auto-ajuda são explicações mais que convincentes do querer da fácil assimilação. Complementando com o que acabei de dizer, a escolha para o par da personagem principal, Julian, interpretado por Gael Garcia Bernal, um excelente ator mexicano (de “Amores Brutos”, “E a sua mãe também”, “Ensaio sobre a cegueira”), não foi acertada.


Ele está preso no processo de atuar, contido, mostra encenação carregada na simplicidade. É um papel ingrato, porque na verdade qualquer um poderia fazer, servindo apenas para que pudesse dar suporte, um coadjuvante. É uma pena. Gael é fantástico e não foi aproveitado decentemente. Outra “aparição” é Woopi Golberg, que pode roubar a cena por relembrar o passado dos anos oitenta e noventa. Só a figura dela já vale a ida ao cinema. Woopi encarna uma divindade. Algo como Jesus ou próxima a Deus ou também pode ser explicada pela alucinação da personagem. Porém, quem realmente chama a atenção é Kathy Bates, que interpreta a mãe da protagonista. Kathy está sensacional, imprimindo sutis e suaves reações. Concluindo, com todos os elementos quero-tornar-a-morte-divertida, por incrível que pareça, o final, que já seria esperado a derradeira entrega dos pontos, fornece uma olhar interessante sobre o tema, extremamente natural. O desejo de Marley de simplificar o processo da morte (como o enterro) é o responsável por deixar o filme fofo, despertando em quem assiste a vontade de repetir em vida o que se passa na tela, principalmente pela existência de um garoto de programa anão. Um filme que se salva por elementos pontuais, mas não segura como consistente, beirando a linha do bom.




A Diretora

Nicole Kassell, nascida em 1972, na Filadélfia, Pensilvânia, formou-se pelaTisch School of the Arts na Universidade de Nova York . Enquanto aluna, fez três curtas-metragens, incluindo “A Hora Verde”, que foi exibido no Sundance Film Festival em 2002. Um ano antes, ela tinha ganho o concurso de roteiro Slamdance para seu projeto de primeiro longa-metragem, “O Lenhador”, adaptado de Steven Fechter, que tinha visto encenado no The Actors Studio em Nova York. Convenceu Lee Daniels, um dos produtores de “A Última Ceia” , para ajudá-la a obter financiamento para a versão cinematográfica. Quando ele contactou Kevin Bacon, o ator ficou tão impressionado com o roteiro, sobre uma criança molestada, um condenado forçado a lidar com o preconceito social e o medo de que fosse capaz de controlar o seu instinto depois de sair da prisão. “O Lenhador” competiu no Festival de Sundance, Toronto International Film Festival, na Quinzena do Diretor no Festival de Cinema de Cannes.