Elenco: Clive Owen, Catherine Keener, Viola Davis, Liana Liberatz, Noah Emmerich, Jason Clarke, Chris Henry Coffey, Brandon Molale, Nicole Forester, Garrett Ryan, Noah Crawford
Fotografia: Andrzej Sekula
Música: Nathan Larson
Direção de arte: Kerry Sanders
Edição: Douglas Crise
Produção: Ed Cathell III, Dana Golomb, Robert Greenhut, Tom Hodges, Avi Lerner, Heidi Jo Markel, David Schwimmer
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Millennium Films
Duração: 105 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: BOM
A opinião
A internet surgiu com na década de 1960, em plena Guerra Fria, visando eficácia e necessidade absoluta dos meios de comunicação. De lá para cá, o crescimento superou as expectativas. A cada dia, um maior número de pessoas rende-se ao universo internetesco. O comércio eletrônico no Brasil movimentou 13,60 bilhões de dólares em 2010, de acordo com pesquisa da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. Para os internautas (brasileiros) residenciais, a média de tempo online durante o mês de junho foi 22 horas e 26 minutos, maior que em outros países como França (19 horas e 34 minutos), Estados Unidos (19 horas e 05 minutos) e Austrália e Japão (ambos com 17 horas e 55 minutos). Neste mundo introspectivo e individualizado, mesmo com redes sociais (estrutura social, composta de pessoas conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns), tendo Facebook, Orkut, Twitter como os mais famosos.
Fazendo parte deste compartilhamento de informações, encontra-se o Bate-Papo (chat, em inglês), que permite conhecer amigos, interagindo com inúmeros níveis. Há a possibilidade da busca por amizade, sexo sem compromisso, encontros, namoros, limitando-se, se a vontade imperar, a permanecer apenas no campo virtual, podendo ou não ser apócrifo. Porém, inevitavelmente, o querer do contato físico (visual) é gerado (e ou gera – não importando a ordem, já que nada é alterado) pela (e ou a, seguindo a concordância da colocação destes parênteses) curiosidade, que é inerente ao ser humano. O filme em questão “Confiar” aborda este tema, discutindo sobre a confiabilidade das conversas na rede. Um dos pontos é a impossibilidade de saber quem realmente está do outro lado da tela.
Então, precisa-se recorrer àquela sensação intrínseca de credibilidade perante o próximo a fim de subverter a idéia do afastamento. A internet fornece a solução para os sentimentos mais comuns (com influência maior aos pré-adolescentes, que se encontram formando o caráter): medo, timidez, descobrimento da sexualidade, carência, rejeição, entre tantos outros. Mas conduz ao vicio, à compulsão do uso e à dependência psíquica. Em “Confiar”, tradução perfeita de “Trust” no original, conta-se a história dos pais Will (Clive Owen “Closer – Perto Demais”) e Lynn (Catherine Keener, de “Onde Vivem os Monstros”), que resolvem presentear a filha Annie (Liana Liberato) com um computador. Annie faz um novo amigo pela internet, um suposto garoto de 16 anos chamado Charlie que ela conheceu num chat de relacionamento.
Ambos marcam um encontro que irá mudar a vida de toda a família. As famílias atuais direcionam escolhas e formas de criação à padronização da liberdade. Esta serve como parâmetro ao politicamente correto dos dias de hoje, porque invoca o livre arbítrio, afastando a relação de poder. Os pais comportam-se como amigos, não mais como detentores da paternidade e da maternidade. O estado permissionário possui limites, como o impedimento da compra de um sutiã sensual. De tanto que se observa o mundo ao nosso redor, o que antes era ofensivo, hoje se acostuma. “Esta geração, devido aos filmes, Internet, revistas, etc, fez com que fotos picantes que se vê nos outdoors não sejam vistos como um gesto ofensivo para a maioria dos adolescentes”, diz a atriz principal Liana Liberato (excelente), que brevemente veremos de novo em “Trespass”, ao lado de Nicolas Cage e Nicole Kidman, e em “The Expatriate”, junto com Aaron Eckhart e Olga Kurylenko.
O diretor é David Schwimmer (Dr. Ross Geller do seriado “Friends”), no seu segundo longa-metragem (o anterior foi “Maratona do Amor”), que tenta mesclar polêmica com utilidade pública. A narrativa clássica, de construção, insere elementos lineares. Desde o inicio, observamos a movimentação de trocas de torpedos celulares, grifadas com texto na tela, interagindo com o espectador. Entendemos que é o aniversário de quatorze anos da protagonista e que a mesma ganha um computador portátil. O inter-comunicador aproveita-se das fraquezas de Annie, a manipulando pela cumplicidade e compartilhando a mesma linguagem adolescente. Ela sente o carinho, a proximidade, mesmo quando “Charlie” mente a idade e a profissão, a protagonista apaixona-se, passionalmente, assim como toda menina de sua idade.
O roteiro começa a apresentar falhas quando demora em apresentar os elementos e corre com as resoluções dos conflitos. A percepção explicita é a cena final da psicóloga. Caminha-se na superfície, mas gera instantes aprofundados, principalmente na cena do shopping. Um filme denso, tenso e que exige muitos dos atores, tanto que foi duramente classificado pela censura americana, sendo proibido para menores desacompanhados. No Brasil, a classificação foi mais amena, não sendo recomendado para menores de 14 anos. São inseridos temas como pedofilia, estupro e a Síndrome de Estocolmo, que a vítima se identifica com seu agressor. Concluindo, um filme que busca chocar o espectador, mas permanece na superficialidade do que se pode realmente mostrar nos Estados Unidos. Mesmo assim, aprofunda questionamentos, tendendo, lógico, ao final feliz.
O Diretor
David Lawrence Schwimmer nasceu no Queens, Nova Iorque, em 2 de novembro de 1966.Foi criado em Los Angeles onde entrou em um colégio de drama. Depois de concluído o curso, um de seus instrutores o encorajou a entrar em um programa de verão da universidade Northwestern, em Chicago. Com mais sete graduados em Northwestern, monta a Companhia de Teatro de Chicago Lookingglass. Em 1993 Schwimmer começou a atuar na tv no programa "Monty". Seus outros programas na TV incluem séries como "NYPD Blue", "Blossom" e "The single guy". Seu papel mais famoso é Ross Geller, em “Friends”. Por este personagem foi indicado ao Emmy de melhor ator coadjuvante em série de comédia em 1995.Dirigiu nove episódios deste programa, e também dirigiu o seriado "Joey" de seu amigo de "Friends", Matt LeBlanc. Outro papel de destaque foi o Capt. Sobel , na mini-série Band of Brothers.