Direção: Gonzalo López-Gallego
Roteiro: Cory Goodman, baseado em roteiro de Brian Miller
Elenco: Warren Christie, Lloyd Owen
Fotografia: José David Monteiro
Direção de arte: Tyler Bishop Harron
Figurino: Cynthia Ann Summers
Produção: Timur Bekmambetov, Michele Wolkoff
Distribuidora: PlayArte
Estúdio: Bekmambetov Project Ltd.
Duração: 87 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: REGULAR
A opinião
“Apollo 18 – A Missão Proibida” comporta-se como um falso documentário, chamados de “mockumentários” relatam fatos fictícios, como se fossem reais, como exemplos “Cloverfield”, “A Bruxa de Blair” e até o diretor Woody Allen entra na lista com “Zelig”, com imagens captadas em preto e branco, como se fossem antigas filmagens caseiras, dando a impressão que o personagem realmente existiu. Esta característica técnica é um dos principais elementos que definem o gênero. No filme em questão, Oficialmente, a Apollo 17, lançada em 17 de Dezembro de 1972, era a última missão tripulada à lua. Mas um ano depois, em dezembro de 1973, dois astronautas americanos foram enviados em uma missão secreta para a lua, no Apollo 18 ou Soyuz 19, financiada pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Logo no início, o longa-metragem avisa ao espectador de que as imagens são verídicas, retiradas de um site, o qual “vazou” estes filmes, fruto do material real (84 horas de com camera super 8) que os astronautas filmaram naquela missão. Enquanto a NASA nega sua autenticidade, outros dizem que ela é a verdadeira razão de nunca mais nem União Soviética nem Estados Unidos terem voltado à lua. Verdadeira ou não, o filme do diretor espanhol Gonzalo López-Gallego (seu primeiro trabalho hollywoodiano) apresenta de forma interessante a trama, mesmo sendo visível e explicita a manipulação cinematográfica, porque o que se mostra possui imagem - e som - de qualidade. A fotografia granulada tenta imprimir a nostalgia dos acontecimentos, deixando o corte seco sem edição para que transpasse que acabou o rolo da camera.
Há digressões familiares (e pessoais), como um churrasco no jardim de casa. Três astronautas deixam a vida na terra a fim de estudar e analisar a Lua. Entre pedras lunares, o que desejam é o retorno para casa em segurança. “Impressionante a Terra em seu esplendor”, diz-se. Eles fincam a bandeira americana, riem, emocionam-se por estarem ali, relatam ações, trocam picardias saudáveis – a fim de que o tempo passe mais rápido, como a documentação em video do ronco do outro astronauta - e comem ervilha. “O Sol nunca brilha em certos lugares. É estranho”, continuando o existencialismo da emoção desmedida. Eles pegam amostras de tudo que é diferente e que precise ser analisado. Detectam que coisas estranhas começam a acontecer: ruídos, interferências, barulhos estranhos, quedas de luz na nave, pedras que se movem, bandeira que some. Neste momento, a narrativa segue ao suspense.
“Tem algo errado com a frequência”, diz-se. Acham pegadas, aventuram-se em crateras extremamente frias, acham uma expedição soviética e descobrem que a Defesa americana (a Segurança Nacional) está mentindo para eles. Há algo errado. São extraterrestes? Invasão russa? Pressão que causa alucinação? Meteorito? Então, os cosmonautas investigam e lutam pela sobrevivência. Sem comunicação, com defeitos, descobrem vida na Lua. São “aranhas” intergalácticas que se camuflam em pedras, que se movimentam de forma ágil e determinadas no objetivo pretendido: infectar os humanos a fim de que sejam mortos. A crítica aos Estados Unidos existe, principalmente quando a Inteligência Americana diz “Avisaremos, às suas famílias, que vocês morreram como heróis da pátria”. Não se preocupam com as vidas e sim com interesses.
Um questionamento interessante, já que o mesmo país envia os seus jovens às guerras, que muitas das vezes são desencadeadas por eles mesmos. Um “amigo” tenta ajudar o outro, mas quando percebe que esse outro está contaminado, as máscaras hipócritas caem e o que sobra é o individualismo exacerbado e egoísta. “Droga, você contaminou a nave”, revolta-se. “Eles vão buscar a gente aqui, eles querem as filmagens”, tenta acalmar-se. O roteiro descamba por estimular reações afetadas, melodramas, assim gera o clichê pejorativo e o óbvio pobre e amador (também pejorativamente). As reviravoltas são resolvidas rápidas demais, apelando, preguiçosamente, para a cumplicidade do espectador. Chega a ser ingênuo o pensamento (“fragmentado”) dos roteiristas. Assisti ao filme na cabine de imprensa. Em certo momento da exibição, há um corte sem aviso.
O que pareceu era que realmente tinha acabado. Após alguns minutos, descobrimos que era problema técnico do próprio cinema. O longa-metragem recomeçou e arrastou-se, assinando o atestado de óbito. O que se viu foi sucessivas e patéticas tentativas de comercializar o produto apresentado. Concluindo, eu teria ficado com o primeiro corte, impedindo a destruição total de um argumento que poderia fornecer um resultado genial, por falta de experiência e preguiça do diretor. Não recomendo. “O filme é uma obra de ficção, e nós sempre soubemos disso. A idéia de retratar a missão Apollo 18 como autêntica é simplesmente uma jogada de marketing”, declarou Bert Ulrich, da NASA. O orçamento estimado foi de US$ 5 milhões.
O Diretor
Gonzalo López-Galego nasceu em Madri, Espanha. Fez inúmeros curtas-metragens e minisseries de televisão espanhola. Os seus longas-metragens são: “El rey de la montaña” (2007), “Sobre el arco iris” (2003), “Entre abril y julio” (2002) e “Nómadas” (2001). “Apollo 18” é sua estreia em Hollywoody.