Direção: J.J. Abrams
Roteiro: J.J. Abrams
Elenco: Elle Fanning, Amanda Michalka, Kyle Chandler, Ron Eldard, Noah Emmerich, Joe Courtney, Ryan Lee, Gabriel Basso, Zach Mills
Fotografia: Larry Fong
Música: Michael Giacchino
Direção de arte: David Scott e Domenic Silvestri
Figurino: Ha Nguyen
Edição: Maryann Brandon
Produção: Steven Spielberg, J.J. Abrams, Bryan Burk
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Amblin Entertainment
Duração: 112 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: MUITO BOM
Apresentando a Tecnologia IMAX
A exibição de “Super 8” aconteceu no UCI New York, na Barra da Tijuca, na sala IMAX, que é uma nova tecnologia que permite que o espectador tenha uma maior imersão do que se vê. As telas com 16 metros de altura por 22 metros de comprimento, contra os 12 metros de largura por 20 metros de comprimento dos cinemas normais, torna-se grande o bastante para preencher todo o campo de visão. Os filmes IMAX são gravados e impressos em filmes de 70mm (únicos na indústria), enquanto os longas-metragens convencionais são impressos em filmes de 35mm. São dois projetores 2K que passam imagens simultâneas, fornecendo o aprofundamento da imagem. É como se estivesse assistindo a um filme 3D sem o óculos. O sistema de som da IMAX, desenvolvido pela Sonics e denominado “Sonics Proportional Point Source”, visa a eliminar as variações de som e volume no ambiente. Essa técnica, aliada a especificações altamente rigorosas de isolamento acústico e a seu sistema de som de 12,000 watts, garante qualidade de som excepcional em qualquer assento na sala IMAX. Realmente a experiência é incrível e única. O espectador sente a vibração das cadeiras, chegando a ser sinestésico e sensorial. Recomendo.
A opinião
“Super 8” apresenta-se como uma homenagem explícita aos filmes de Steven Spielberg, que participa como produtor executivo. São inúmeras referências profissionais e pessoais. O diretor escalado foi J.J. Abrams, de Jeffrey Jacob Abrams, fã declarado dos filmes de Spielberg, famoso por produzir séries televisivas como “Lost”, “Fringe”, “Felicity” e por dirigir “Missão Impossível III” e o novo começo de “Star Trek”. Quem acompanha seus trabalhos, observa características peculiares como manipulação narrativa, cenas de acidentes com tom comercial e competência de conduzir a história e prender a atenção do espectador. Em seu mais recente trabalho e o filme em questão aqui, o diretor firma parceria com Spielberg, diretor queridinho de Hollywood, porém com poucos créditos, já que vários filmes seus nem foram indicados ao Oscar. J.J Abrams, que também escreveu o roteiro, segue pelo caminho da memória afetiva e da emoção. É visível o toque especial do homenageado. Podemos descrevê-lo como um filme de aventura pré-adolescente, já que os adultos são vistos como intolerantes, seguindo regras e defesas próprias. Os elementos de “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, “E.T”, “Goonies” são recorrentes e referenciais. A narrativa é construída no final dos anos oitenta, No verão de 1979, na Cidade de Ohio (local em que Spielberg nasceu), focando nos detalhes a fim de conduzir as próximas ações da história.
Esses jovens presenciam uma catastrófica colisão de trens enquanto realizavam um filme com a câmera Super-8 e logo eles desconfiam que aquele não foi um acidente. Pouco tempo depois, estranhos desaparecimentos e eventos inexplicáveis começam a acontecer na cidade, e o agente da lei tenta descobrir a verdade – algo mais assustador do que eles poderiam imaginar. A memória afetiva dita antes atinge as lembranças de uma época. A figura da camera Super 8 representava a filmagem de imagens pessoais (assim como mais tarde a camera VHS possuiu essa finalidade) e também poderia ser o ponta pé inicial aos Festivais de Cinema, que aceitavam essa mídia. O que o diretor deseja transpassar é a paixão pelo cinema, desde muito pequeno. No grupo, há o cineasta, o maquiador, realizador de protótipos, e todos participam como atores. Essa paixão está nos olhos de cada um. Assim como Spielberg, assim como J.J, assim como qualquer um que está começando neste meio e nem sabe como. Esse longa-metragem corrobora que a possibilidade de dar certo acontecerá, mesmo com todas as adversidades. Esse desejo inclui todos nós: críticos, nostálgicos de plantão e até aqueles que nunca conheceram Super 8, já nascendo com imagens digitais e editadas em cinco minutos em um computador portátil.
Digressionando, “Dawson's Creek”, série de televisão produzida pela Sony, aconteceu de 1998 a 2003, abordando a vida de Dawson, que desde pequeno era apaixonado por cinema e seu ídolo maior era Steven Spielberg. O protagonista vivia os seus dias trabalhando em uma locadora e fazendo filmes de Zumbis, que atacavam seus amigos em Capeside. Notou a semelhança? A referência é mais do que percebida em “Super 8”, incluindo a cena em que a “namoradinha” de um personagem entra pela janela e assiste cenas de projeção de filmes pessoais. Esse personagem, o maquiador, é o protagonista, filho do Xerife da Cidade, perdeu a mãe em um acidente. Enquanto os adultos exasperam o sofrimento, os pré-adolescentes tentam entender todo o drama. A fotografia é de nostalgia atual como uma imagem perfeita de Super 8. Quatro meses depois, o diretor, chamado Gordo, da trama, escreve novas cenas, obcecado, a fim de fazer um filme e inscrevê-lo no Festival de Cinema. O tema é sobre zumbis. A confusão familiar – e pais ausentes - gera a fuga nos filmes. Os adultos não entendem os quereres destes jovenzinhos, que precisam transpor barreiras a fim de conseguir finalizar seus projetos. Os planos, ora detalhistas e intimistas, ora gerais, direcionam a hora certa do aprofundamento e da carga sentimental aplicada.
Como não poderia deixar de existir, o amor puro entre eles acontece. O maquiador Joe e Alice, a atriz principal. O zoom (aproximação) é sutil. O cineasta ficcional aproveita oportunidades. Tudo que pode usar, usa. “O valor (qualidade) da produção”, diz. Eles não possuem dinheiro. Estão fazendo um filme na garra e na raça. Utilizar um elemento, como um trem ou o próprio espaço de um crime, enriquece o projeto, fornecendo um maior convencimento. É incrível como as cenas de destruição deixam o espectador arrepiado. É sinestésico. O ponto de vista é todo do garoto, gerando a perspectiva de que algo irá acontecer. Há a curiosidade, o não entendimento, a sobrevivência. Na idade infantil, o medo não existe. Tudo é possível. A mão de Spielberg aparece quando um misterioso cubo branco aparece. Inferimos previamente de que se trata de um extraterrestre, tema comum abordado nos filmes do homenageado. O longa-metragem transpassa uma realidade visceral. Eles aventuram-se sozinhos. O gênero cinematográfico é de catástrofe. “Vou roubar dinheiro da minha mãe para continuar esse filme estúpido”, diz-se. Eles investigam os acontecimentos estranhos e magnéticos. Um funcionário de uma loja em um posto de gasolina ouve walkman, novidade na época. A música de Kate Bush o desconcentra, mas o pico de luz o avisa. Enquanto isso, Joe lê “Guia para maquiar monstros”. “Um zumbi é um demônio sem vida”, diz-se.
Há auto critica social, como a possível razão da estranheza dos acontecimentos (os cachorros desaparecendo) é a invasão russa. Um excelente comentário à Guerra Fria. Os representantes – os adultos – comportam-se arrogantes e prepotentes porque não querem demonstrar que não sabem o que está acontecendo. Assim culpam os outros. Até que esse grupo de jovens descobre experimentos militares. O “monstro extraterrestre” (visto por todos) é humanizado por Joe, que entende que a única coisa que quer é voltar para casa. Mesma emoção e mesma condução do filme “E.T”. Ao perceber isso, manipulam a parte sentimental de quem assiste, sendo inevitável algumas lágrimas caírem. Há o politicamente correto também. “Drogas são tão ruins”, sobre o maconheiro que não acorda para salvar as crianças. Há alguns anos, os Estados Unidos, refizeram “E.T”. A versão do diretor substituiu as armas da polícia por cassetetes. Pois é, vivemos em um mundo que se complicou, tão diferente nos anos oitenta. Época que a ingenuidade e a liberdade aconteciam com a maior simplicidade e naturalidade.
Até a figura de outro planeta do filme em questão mudou. Ficou maior, mais violenta, mesmo com o intuito de apenas se salvar. Concluindo, um filme que resgata um período, que é considerado um dos mais tranquilos de todos os tempos. O tempo não era corrido e podíamos deitar no sofá ouvindo um disco de vinil na vitrola, lendo as letras. Esse tempo demorava a passar. Hoje não, mal acordamos, já vamos dormir. Vale muito a pena assistir. Recomendo. Aguarde até o final dos créditos, há o curta-metragem (que eles fizeram) na íntegra. Bruce Greenwood interpretou o alienígena de Super 8 pela técnica de captura de movimento. Seu personagem está creditado como Cooper, que era o apelido da criatura nos sets de filmagens. A cidade de Lillian, vista no filme, recebeu este nome em homenagem à avó do diretor J.J. Abrams. O posto de gasolina chama-se Kelvin Gasoline. Trata-se de uma homenagem ao avô de J.J. Abrams, que se chamava Kelvin. O orçamento estimado é de US$ 45 milhões.
O Diretor
Jeffrey Jacob Abrams nasceu em Nova Iorque, 27 de junho de 1966. Ele escreveu e produziu vários filmes antes de co-criar a série de televisão “Felicity” (1998–2002), “Alias” (2001–2006), “Lost” (2004–2010), “Fringe” (2008–presente) e “Undercovers” (2010). Dirigiu os filmes “Mission: Impossible III” (2006) e “Star Trek” (2009). O primeiro trabalho de Abrams na indústria do cinema foi aos seus 16 anos, quando ele escreveu músicas para o filme Nightbeast. Durante seu último ano ele se juntou a Jill Mazursky para escrever um tratamento. Comprado pela Touchstone Pictures, o tratamento se tornou a abse do filme Taking Care of Business, estrelado por James Belushi. Em seguida ele veio com os filmes Regarding Henry, com Harrison Ford, e Forever Young, com Mel Gibson. Abrams colaborou com o produtor Jerry Bruckheimer e o diretor Michael Bay em 1998 no filme Armageddon. No mesmo ano ele se aventurou na telelvisão e criou a série Felicity, servindo como co-cirador (junto com Matt Reeves) e produtor executivo. Com sua companhia de produção, a Bad Robot Productions, ele criou e serviu como produtor executivo da série Alias e também é o co-criador (junto com Damon Lindelof) e produtor executivo da série Lost. Abrams escreveu e dirigiu o espisódio piloto de Lost, um trabalho que o fez vencer o Emmy Award de Melhor Direção em Série Dramática. Ele continuou a ser o produtor da série até o final de sua primeira temporada. Ele mais tarde escreveu o primeiro episódio da terceira temporada, "A Tale of Two Cities". Ele também foi o produtor executivo das séries What About Brian e Six Degrees. Em 2006 ele co-criou (junto com Roberto Orci e Alex Kurtzman) a série Fringe.
Abrams com escreveu e produziu o filme Joy Ride em 2001, e também escreveu um roteiro não produzido para um quinto filme de Superman em 2002. Ele fez sua estréia como diretor de cinema em 2006, com o filme Mission: Impossible III. Em 2009 Abrams dirigiu o reinício da franquia Star Trek, com o altamente aclamado filme Star Trek. Abrams compôs os temas de abertura para as séries Alias, Lost e Fringe, e co-escreveu as duas músicas temas de Felicity. Ele assinou contratos com a Warner Bros. para produzir mais séries de televisão e com a Paramount Pictures para produzir mais filme em valores de por volta US$ 50 milhões.
Em 2010 Abrams criou a série Undercovers, entretanto ela foi cancelada pela NBC antes do final de sua primeira temporada.