Balada do Amor e do Ódio

Ficha Técnica

Direção: Álex de la Iglesia
Roteiro: Álex de la Iglesia
Elenco: Carlos Areces, Antonio de la Torre, Carolina Bang, Manuel Tallafé, Alejandro Tejerías, Manuel Tejada, Enrique Villén, Gracia Olayo, Sancho Gracia
Fotografia: Kiko de la Rica
Música: Roque Baños
Direção de arte: Eduardo Hidalgo Hijo
Figurino: Paco Delgado
Edição: Alejandro Lázaro
Produção: Vérane Frédiani, Gerardo Herrero
Distribuidora: Serendip Filmes
Estúdio: Tornasol Films S.A. / Canal+
Duração: 108 minutos
País: Espanha/ França
Ano: 2010
COTAÇÃO: BOM




A opinião

“Balada do Amor e do Ódio” foi exibido no Festival RioFan, que é destinado a filmes de realismo fantástico e visceral, e aborda gerações de palhaços e os seus percalços. É o novo longa-metragem do diretor Álex de la Iglesia (de “A comunidade”, “Crime Ferpeito”, “Perdida Durango”). É inevitável a expectativa. Durante a Guerra Civil espanhola, Madri, 1937, o Palhaço Branco, recrutado a força pela milícia destrói a foiçadas os soldados do Exercito Nacional sempre vestido de palhaço. Muitos anos depois, Xavier, o filho do palhaço vai trabalhar como o Palhaço Triste num circo onde encontra figuras das mais extraordinárias. Ali ele encontra Sergio, outro palhaço. É o início da historia dos dois na luta pelo amor da mais bonita e sedutora mulher do circo. A fotografia de Kiko de la Rica transpassa nostalgia, como uma película granulada e envelhecida, saturada e amadeirada. “Piada é essa guerra”, desafia-se, mostrando inúmeras imagens de guerra (real, em arquivo) como abertura. Recrutam todos como soldados, incluindo os participantes de circos, que lutam vestidos à caracter como se fosse uma apresentação mambembe. A camera próxima comporta-se de forma violenta, por interagir sangue com o espectador. O governo é do ditador espanhol Francisco Franco de Sousa.

O tempo passa. O palhaço filho fica mais velho e ouve do pai o pedido para que ele o vingue. “É melhor ser um palhaço triste. Alivie sua dor com a vingança”, diz. Para ele, uma maneira de ser feliz. Mais um período se passa, vinte e cinco anos depois, o ano é 1973. A narrativa apresenta humor intelectual direcionado aos que vivem no circo. É um misto de sarcasmo com agressividade. Neste momento, a camera lenta é usada a fim de dar ênfase ao objeto fêmea. “Ser palhaço, porque tem medo da vida”, diz-se. “Se não fosse palhaço, seria um assassino”, rebate-se. A trama auto ironiza-se. Como o humor negro que não é entendido. Um palhaço triste que não ri. “Sua passividade me lembra Busten Keaton”, diz-se fornecendo tom inteligente e culto, sem ser clichê, obvio ou pretensioso. O surrealismo acontece indo e voltando. A graça é ao mesmo tempo debochada – irônica – e ingênua. Vale muito para conquistar o coração da mulher amada. Mutilação, perseguição, espancamento. É com extrema naturalidade que se observa o grotesco, o monstro criado depois de inúmeros golpes.

A cena mais extravagante é a do palhaço triste correndo pelado pela floresta. Há quem reparasse o seu minúsculo pênis. Há quem sentisse pena do ator. Há quem disse uma hora: “Perdeu toda dignidade”. O gordo, o filho, foi comparado a um javali gigante, aumentando o nível surreal e epifânico. A vida dá voltas. A vingança retorna com intensidade. O protagonista torna-se um animal e morde o ditador Franco, um desejo estampado no rosto de toda população espanhola. A loucura o acomete com toda força. Ouve, em um filme no cinema, a música “Balada Triste de Trombone”, cantado pelo famoso palhaço Rafael. “Seus dias de palhaço acabaram”, metáfora-se. Daí ao final, a trama entrega-se no completo surrealismo visceral. Vingança corroendo os envolvidos. A busca pela morte. O fim é iminente e esperado a estes personagens perdidos e sem rumo. Concluindo, um filme visceral, exagerado, que se apresenta com amadorismo a fim de imprimir um estilo Quentin Tarantino / Robert Rodriguez. Porém, perde-se por experimentar inúmeros caminhos, assim estas aberturas não são fechadas e ficam sem resposta. É um diretor que possui uma filmografia diferenciada, cult, com roteiros geniais. Um filme bom, que merece ser visto, mas que cansa pela violência exacerbada. Vencedor no Festival de Veneza 2010, nas categorias Melhor Diretor e Melhor Roteiro; e Ganhou o Festival Goya em Melhor Maquiagem e Melhor Efeitos Especiais. As filmagens ocorreram entre 18 de janeiro e 24 de março de 2010, com orçamento estimado de 7 milhões de euros.


O Diretor

Álex de la Iglesia, nome artístico do espanhol Alejandro de la Iglesia Mendoza, nasceu em Bilbau, 4 de dezembro de 1965.

Filmografia

1993 - Ação Mutante
1995 - O Dia da Besta
1997 - Perdida Durango
1999 - Morrendo de rir
2000 - A Cominidade
2002 - 800 balas
2004 - Crime Ferpeito
2006 - O quarto do bebê
2008 - The Oxford Murders
2010 - A Marca Amarela
2010 - Balada de Amor e Ódio