Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Ashley Miller, Mark Protosevich e Zack Stentz
Elenco: Natalie Portman, Chris Hemsworth, Anthony Hopkins, Ray Stevenson, Tom Hiddleston, Rene Russo, Kat Dennings, Stellan Skarsgård, Idris Elba, Stuart Townsend
Fotografia: Haris Zambarloukos
Música: Patrick Doyle
Direção de arte: Kasra Farahani, Luke Freeborn, Sean Haworth e Maya Shimoguchi
Figurino: Alexandra Byrne
Edição: Paul Rubell
Efeitos especiais: Digital Domain, Luma Pictures, The Third Floor
Produção: Kevin Feige
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Duração: 114 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: MUITO BOM
Apresentando a Sessão
Com o intuito de observar o público específico, O Vertentes do Cinema participou da sessão legendada de 21:00 horas de Sábado, no Unibanco Arteplex do Rio de Janeiro a fim de traçar um perfil de interesse das pessoas presentes. Em geral, o comportamento é o mesmo em outras sessões. Pipocas, conversas, comentários. As roupas também são variadas. Vestidos, calça jeans, bermudas e ou chinelos. Vivenciam o padrão atual cinematográfico. Neste caso, lotando a sala quatro. Porém há uma enorme diferença. Em “Thor”, exibido em 3D, não há diálogos paralelos fora da tela. Isso acontece até mesmo durante os trailers também passados na tecnologia em questão, funcionando até a prévia da continuação do filme após os créditos finais. Será que a utilização dos óculos ajuda na concentração? Será que o cinema descobriu como se livrar do costume da conversa? Ou será o público? A educação pode ser explicada pelo seu próprio direcionamento. As pessoas escolheram pelo conteúdo e não apenas pela diversão de passar o tempo em um sábado à noite. Agradecimento especial ao gerente Rodrigo.
A opinião
“Thor” é personagem do Universo Marvel, mundo fictício o qual as histórias em quadrinhos são narradas pela fantasia lúdica, buscando o simbolismo metafórico e existencial. Assim, permite a seu espectador o questionamento sobre a própria vida e a análise sobre o mundo ao redor, o qual quem assiste é participante ativo. Baseado no deus Thor da mitologia nórdica - criado por Stan Lee (de “Homem de Ferro 2”, aparece em uma pequena ponta interpretando um motorista de uma pick-up que tenta arrancar o martelo de Thor de uma cratera), Larr Lieber e Jack Kirby, Sua primeira aparição foi numa revista chamada Journey into Mystery 83, em 1962, nos Estados Unidos. Filho de Odin, o Deus supremo de Asgard (o céu dos nórdicos) e de Jord, a deusa da Terra (também chamada de Midgard), Thor é o príncipe, prestes a se tornar rei, de um outro mundo existente numa dimensão acima de Midgard, a Terra. Nesse mundo existem outros diversos reinos como por exemplo a terra dos gigantes de gelo e Valhalla, o lugar para onde vão os espíritos dos guerreiros que morrem em combate. A direção de Kenneth Branagh (de “Muito Barulho por Nada”, “Hamlet”, “Frankenstein”, entre outros), também ator, imprime, em sua narrativa, humor debochado (e referencial), emoção equilibrada e física a fim de embasar a história contada.
A cada dia que passa, admiro ainda mais a atriz Natalie Portman (de “Cisne Negro”, “Closer”, “Sexo sem Compromisso”) pela sua entrega total aos papéis que escolhe. Ela declarou que aceitou o papel de Jane Foster, uma caçadora de tempestades, "pela chance única de atuar em um filme de super-heróis dirigido por Kenneth Branagh". E não é só a atriz israelense. O protagonista, interpretado por Chris Hemsworth (conhecido por George Kirk no filme de 2009 Star Trek e pela série australiana “Home and Away”), também vivenciar plenamente o personagem. Ele, para se preparar, dedicou-se por seis meses a uma rotina de idas frequentes à academia, com dieta baseada em ovos, frango, sanduíche, vegetais, arroz preto, carne e bebidas protéicas. O trabalho obteve resultado satisfatório, o fazendo forte e sarado, requisito necessário. O restante do elenco complementa a conexão interpretativa.
Tom Hiddleston, que fez testes para o papel de Thor, foi escolhido para interpretar Loki. Ele declarou que seu Loki era inspirado no príncipe Edmund, de Rei Lear. Na peça escrita por Shakespeare, Edmund é um príncipe invejoso que engana o pai para que seu irmão seja exilado. O longa inicia com narração explicativa, padrão neste gênero. “Um sábio nunca busca a guerra, mas sempre está pronto”, diz-se. Thor é descolado, bonito, loiro, olhos verdes, cabelo longo, aspecto nórdico, destemido, passional, intempestivo, corajoso, amigo, família, protetor, arrogante por acreditar demasiadamente em si. O roteiro deseja a sua transformação. Do estágio “adolescente” ao mundo adulto. Sendo radical, o pai Odin (Anthony Hopkins) o expulsa de seu lar e o envia a Terra por ter reiniciado uma antiga guerra. Esse banimento faz com que Thor cresça. Quando perde o rumo – sem saber o que fazer em seguida, ele adquire tolerância e tenacidade (mais atencioso e educado).
Aprende a manipular, a negociar, a seguir regras. A falta dos seus poderes gera a própria descoberta de quem ele realmente é. A fotografia busca a computação gráfica para traduzir raios, trovoadas, dimensões astrais, energia cósmica e vestimentas douradas. É uma experiência sensorial. Ao incluir o elemento de estudo físico, fornece um maior convencimento à viagem pretendida do roteiro. Os mitos e as lendas do mundo inteiro são abordadas com ceticismo, inserindo peça a peça a fim de fazer com que as teorias se tornem críveis e possíveis. É um filme destinados a machos por utilizar luta livre em seus combates, mas atinge as mulheres por usar e abusar do sexy appeal de Chris (o expondo explicitamente sem camisa). Os mortais, neste caso, os americanos têm dificuldades de entender o novo e o inexplicável. Se não conseguem, rotulam com esteróides, drogas e com insinuações a falta de inteligência dos brutamontes.
O personagem principal salva o mundo, é adorado a qualquer lugar que vá e sempre possui um plano B. A maturidade é assumir o que é, ser compassivo e dosar o ímpeto de resolver as situações com violência e poder destinado. Com um orçamento estimado de US$ 150 milhões de dólares, tendo Uma cidade inteira construída em Galisteo, no Novo México, para servir de locação para o filme, “Thor” transpassa diversão e qualidade. Entretenimento e conteúdo. Há emoção, frases de efeito, arrepios, momentos engraçados. Tudo isso sem apelar aos clichês que já seriam esperados. Com trilha sonora de Foo Fighters, o espectador precisa esperar o final dos créditos. Há uma cena que indica a sua continuação. “Os Vingadores”, que chegará aos cinemas em 2012. Caso semelhante aconteceu ao término de “Homem de Ferro 2” (2010), que mostra o Mjolnir, o martelo de Thor, encravado em uma cratera no Novo México. Vale muito a pena assistir. Recomendo.
O Diretor
Kenneth Charles Branagh (Belfast, 10 de dezembro de 1960) é um ator, diretor e roteirista britânico nascido na Irlanda do Norte. Aos nove anos, mudou-se para a Inglaterra, onde estudou na The Royal Academy of Dramatic Arts. É um dos mais importantes intérpretes de Shakespeare da atualidade. É conhecido por interpretar Gilderoy Lockhart em Harry Potter e a Câmara Secreta.
Filmografia
2011 - Thor (Thor)
2007 - Um Jogo de Vida ou Morte (Sleuth)
2006 - Magic flute, The
2006 - As you like it
2003 - Listening (curta-metragem)
2000 - Amores Perdidos (Love's Labour's Lost)
1996 - Hamlet (Hamlet)
1995 - Sonhos de uma noite de inverno (In the bleak midwinter)
1994 - Frankenstein de Mary Shelley (Mary Shelley's Frankenstein)