Direção: Andrucha Waddington Roteiro: Ignácio del Moral, Jordi Gasull Elenco: Selton Mello, Sonia Braga, Alberto Ammann, Pilar López de Ayala, Leonor Watling Fotografia: Ricardo Della Rosa Música: Fernando Velázquez Figurino: Tatiana Hernández Edição: Sérgio Mekler Produção: Andrucha Waddington, Teddy Villalba, Tadeo Villalba Hijo, Edmon Roch, Mercedes Gamero e Jordi Gasull Distribuidora: Warner Bros. Estúdio: Conspiração Filmes, Warner Bros, Antena 3 Televisión, Moonshot Pictures, El Toro Pictures Duração: 106 minutos País: Brasil/ Espanha Ano: 2010 COTAÇÃO: REGULAR
A opinião
Lope Felix de Vega Carpio, dramaturgo, teatrólogo e Poeta Espanhol, nascido em Madri, 1562 - 1635), de família humilde, foi soldado, marido, secretário e padre. Translada facilmente entre as tradições populares e cultas, responsável pela criação de uma comédia popular e nacional para o teatro. Escreveu centenas de peças combinando estrofes octossilábicas com endossilábicas, temas históricos com literários e romances, com recorrentes canções folclóricas. É nesse universo que o diretor Andrucha Waddington (de “Eu Tu Eles” e “Casa de Areia”), em primeira co-produção, impulsiona o espectador a embarcar, contando a cinebiografia deste poeta. É uma história de amor épica que busca o tom dramático e de efeito. Os elementos desta época estão presentes. Espadas, arco e flechas. “Conforme-se com o que tem, não se pode ter tudo”, diz-se. Lope (Alberto Ammann) é um poeta ambicioso e um eterno apaixonado. Vivendo mais o presente do que pensando no futuro, ele se entrega ao amor de duas mulheres e desafia regras que podem transformá-lo de herói a vilão, trazendo a desgraça ou a glória.
A parte técnica apresenta competência. A fotografia pálida – quase sem cor - de madeira escura - é saturada ao contraste. Os planos intimistas, velados em closes e detalhes. “Você é um demônio, Lope”, diz-se sobre a fama mulherenga do nosso personagem principal. Não há como inferir a Robin Hood, até porque a atmosfera é a mesma, diferenciando-se na condução dos acontecimentos. A narrativa busca o tom novelesco a fim de transpassar a trama. Também podemos referenciar a um “Diários de motocicleta”, de Walter Salles, só que em versão guerra. A camera roda, em alguns momentos, mostrando experimentações angulares. “Dar vida ao teatro”, diz-se. Com trilha sonora esperançosa, incluindo Jorge Drexler, os diálogos afiados e perspicazes acontecem. Lope escreve comédias, que criticam o estado atual o qual vivia e que lutou para vencer. Encontrou inúmeras barreiras. Teatros sendo fechados, censura ao seu texto.
O diretor escalou Selton Mello, que interpretou Marquês de Navas, sendo a primeira vez que eles trabalharam juntos. Há também no elenco, Sônia Braga, como Paquita, que aparece apenas na versão brasileira nos primeiros minutos como a mãe do protagonista. Nas versões européia e americana estas cenas foram cortadas. Exibido fora de competição nos festivais de Toronto e Veneza. Foi o filme de encerramento do Festival do Rio 2010. Concluindo, um filme que se apresenta óbvio, em tom de novela, que tenta sair do senso comum de longas deste gênero, mas peca por querer utilizar elementos divergentes (ora comercial, ora experimental, ora cult). O ator Alberto Ammann, que interpreta Lope, foi premiado com o Goya 2010 por sua atuação em Celda 211. Ao observar o contexto, descobre-se, mesmo sendo uma superprodução, o filme é apenas regular. A opinião foi escrita durante o Festival do Rio do ano passado.
O Diretor
Andrew "Andrucha" Waddington nasceu em 1970 no Rio de Janeiro. Começou a carreira como diretor de publicidade e videoclipes. Sócio da produtora Conspiração Filmes desde 1995, dirigiu seu primeiro longa, Gêmeas, em 1999. Seu segundo filme, Eu, Tu, Eles (2000), recebeu a menção honrosa do prêmio Um Certo Olhar do Festival de Cannes. Com o documentário Viva São João! (2002) ganhou os prêmios de Melhor Direção e Melhor Roteiro no Festival de Recife. Em 2004, seu filme Casa de Areia foi selecionado para o Festival de Berlim.
Filmografia
2011 - Lope 2010 - Arnaldo Antunes - Ao Vivo Lá em Casa 2007 - Maria Bethania - Pedrinha de Aruanda 2007 - Retrato Celular 2005 - Casa de Areia 2002 - Viva São João! 2002 - Outros (Doces) Bárbaros 2002 - Os Paralamas do Sucesso - Longo Caminho 2000 - Eu Tu Eles 1999 - Gêmeas 1998 - Os Paralamas em Close Up