Elvis e Madona

Ficha Técnica

Direção: Marcelo Laffitte
Roteiro: Marcelo Laffitte
Elenco: Simone Spoladore, Igor Cotrim, Sérgio Bezerra, Maitê Proença, Buza Ferraz, Duse Nacarati, José Wilker
Fotografia: Uli Burtin
Montagem: Luiz Guimarães De Castro
Música: Victor Biglione
País: Brasil
Ano: 2010
Duração: 105 minutos


A opinião

“Elvis e Madona” é um filme que aborda o tema do paradoxo brincalhão, por retornar a “normalidade” social. Uma lésbica apaixonando-se por um travesti. Opta-se por uma narrativa descontraída, despretensiosa e de humor fácil e escrachado, quando retrata o universo homossexual. Inicia-se nos créditos, criando a metalinguagem cinematográfica ao incluir as gravações do filme que o espectador está assistindo. Deseja-se a atmosfera da liberdade. A camera dá agilidade as cenas, principalmente quando corta a mesma cena, fazendo instantes do instante. Então aparecem os atores. Simone Spoladore faz Elvis, em uma interpretação perfeita e competente. Igor Cotrim faz Madona. Ele não consegue o tom que o papel precisa, deixando o personagem afetado. Uma coisa é a naturalidade de um travesti: espalhafatoso, visceral, emotivo e passional. Outra coisa é a tentativa de encenar as características de um. Com isso, unindo o tom narrativo e as interpretações, descamba-se para exagero e caricatura, não equilibrando o roteiro. Há a violência do travesti, o roubo, a musica de She-Ra. Passeia-se por um mundo, mas não fornece realismo, estereotipando o que deseja abordar.

As ações diretas com seus conflitos sendo resolvidos rapidamente não convencem, deixando a ingenuidade e o amadorismo. O filme é a Simone, que usa este poder para prender a atenção do espectador. Assim, suporta-se os altos e baixos do roteiro. A parte da fotografia é interessante, como a mãe que obriga a filha a posar para a camera. “Uma coisa é fato, a outra é fato jornalístico”, diz-se. “Tudo é o dinheiro”, desespera-se. São vidas que lutam por seus sonhos, conservando a escolha que fizeram. Há a interpretação da mãe de Elvis, Maitê Proença. Ela está ótima e excelente. Tendo Elza Soares como trilha sonora, o novo estágio acontece. Gravidez, vivência cotidiana e a resolução das pendências da trama. “Tá tudo muito over (exagerado)”, diz-se resumindo o longa, que ainda conta com José Wilker. Concluindo, um filme divertido, com boas sacadas, com interpretações excelentes de Simone e da Maitê, mas que não sustenta o ritmo perdido de uma comédia romântica. O diretor levou quase dez anos para captar verbas. “Cinema é isso, torto e a direito, estamos presentes”, disse Elza Soares no exibição do longa no Cinema Odeon.

A Sinopse

A motociclista Elvis sonha em ser fotógrafa, mas precisa trabalhar e consegue um emprego de entregadora de pizzas na Mussarela & Cia. A travesti Madona é uma cabeleireira que sonha em produzir um show de teatro de revista. De um encontro inusitado entre as duas, nasce uma divertida e moderna história de amor.

O Diretor

Nascido em 1963, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, ingressou no cinema como assistente de produção em Bete Balanço (1984), de Leal Rodrigues. Dirigiu curtas-metragens premiados no Brasil e no exterior (Fúria, Ópera Curta, Banquete e Vox Populi) e documentários (Um Dia, Um Circo e Regatão, O Shopping da Selva). Este é seu primeiro longa-metragem.