Ficha Técnica
Direção: Daniel Hendler
Roteiro: Daniel Hendler
Elenco: Fernando Amaral, Eugenia Guerty, César Troncoso, Roberto Suarez
Fotografia: Arauco Hernández
Montagem: Andrés Tambornino
Música: Maximiliano Silveira
País: Uruguai / Argentina
Ano: 2010
Duração:83 minutos
A opinião
“Norberto apenas tarde” é a estreia na direção de Daniel Hendler, um ator uruguaio talentoso que trabalhou em “O Abraço partido” e em “Cabeça a prêmio”, do diretor brasileiro Marco Ricca também estreante e ator. A atmosfera alternativa, que humaniza personagens, característica típica do cinema latino, que Daniel viveu, é o que ele importa para o seu longa. Há o trabalho de aprofundamento gradual de seu protagonista. O diretor utiliza a metáfora da simplicidade natural como diretriz pretendida. Noberto, interpretado por Fernando Amaral, está em uma vida comum, sem novidades e sem perspectiva. Os problemas ao seu redor não são relevantes aqui. O que importa é a transformação pessoal. Ele é aprovado em um curso de corretor de imóveis. Sai para o cinema com amigos e a esposa. Lá chegando, vendo que não tem mais ingressos, eles vão ao teatro, que desperta a sua vontade de fazer aulas de interpretação. Neste primeiro momento, há encenação nos diálogos e nas ações. “Obra onírica, mas abstrata”, diz-se sobre a peça teatral. A definição explica o porquê do roteiro ser assim. Pelo dicionário, onirismo é um modo de atividade mental que se instala em síndromes confusionais e é, especialmente constituído por alucinações visuais, sob a forma de sonho vivido, muitas vezes, com grande intensidade. Então, podemos definir que a vida dele é um sonho confuso e abstrato.
A figura do teatro entra para o retirar desta situação. “Sentir ou não sentir…”, diz-se em uma aula sobre a obrigação de se sentir algo. Vivenciar ao extremo. Ser passional. Os ensaios, as preparações, os novos amigos, tudo o muda. Ele então começa a sentir, ouvindo música alta e aproveitando a diversão. Dorme no carro, vai trabalhar com a mesma roupa, enquanto ensaia para a estreia de “A Gaivota”, de Tchekhov, escritor russo considerado o mestre do conto moderno, que fazia medicina de dia e escrevia a noite. “Você precisa mesmo de uma barba para envelhecer?”, diz-se, inferindo que no mundo da ficção a maquiagem resolve o problema. Não tem como negar: Norberto é o alter ego do diretor, porém mais gordinho. O recomeço. Prepara-se para a peça. O espectador sente o nervosismo dele. “Que energia, meu Roberto De Niro”, parabenizam-lhe. “Sentir é ser jovem, ter desejo de voar, fugir do cotidiano que prende”, explica-se. O personagem vive o ator que sempre desejou ser, terminando em uma empresa de mudanças. Concluindo, o longa possui falhas diversas, vácuos explicativos e elementos confusos. O diretor resolveu viver a sua parcela de onirismo e abstração.
A Sinopse
Após ser demitido de uma empresa onde assumia um importante cargo administrativo, Norberto decide tentar a sorte no ramo imobiliário. Ele adia o quanto pode o momento de contar à esposa a má notícia. Contratado como corretor, é incentivado pelo chefe a fazer um curso de assertividade para melhorar a timidez e começa a frequentar aulas de teatro num curso para principiantes. No entanto, seu progresso é lento e seus clientes, assim como sua mulher, continuam sem acreditar em nada do que ele diz. Em meio a este processo, porém, Norberto descobre que é possível ganhar respeito e até dar um bom grito.
O Diretor
Nasceu em 1976, em Montevidéo. É ator e diretor de cinema e teatro. Seu trabalho em teatro lhe rendeu o prêmio uruguaio Morosoli. Protagonizou diversos filmes de Daniel Burman, entre eles O Abraço Partido (2004) e As Leis de Família (2006), e integrou o elenco de Cabeça a Prêmio (2009), de Marco Ricca. Em 2002, dirigiu com Arauco Hernández seu primeiro filme, o curta Perro perdido. Este é seu primeiro longa.