Filho da Babilônia

Ficha Técnica

Direção: Mohamed Al-Daradji
Roteiro: Mohamed Al-Daradji, Jennifer Norridge, Mathel Khasea
Elenco: Yasser Talib, Shazada Hussein
Fotografia: Mohamed Al-Daradji, Duraid Al-Munajim
Montagem: Pascale Chavance, Mohamed Jabarah
Música: Kad Achouri
País: Iraque / Reino Unido / França / Holanda / Emirados Árabes Unidos
Produção: Isabelle Stead, Atia Al-Daradji, Mohamed Al-Daradji, Dimitri de Clercq
Estúdio: Roissy Films
Duração: 90 minutos
País: Iraque
Ano: 2009


A opinião

“Filho da Babilônia” aborda a vida de uma avó, e seu neto, que deseja visitar o filho que se encontra preso. Com narrativa lenta e planos longos, comporta-se como um filme de espera. Eles andam. A atmosfera road-movie (de estrada), com caronas e andarilhos cansados, retrata o Iraque de agora: destruído, sujo, em ruínas e ainda sem perspectiva. Eles também não possuem a certeza que irão chegar ao destino escolhido. A flauta fornece a catarse surreal de um momento. O longa mostra tipos humanos, material bruto, sem o julgamento prévio, os humanizando e respeitando seus ideais, crenças e subjetivismos. Há a ganância inicial do dinheiro de uns. Há a paciência da protagonista idosa. Há a defesa da voz, que diz o que pensa, sem se importar se está sendo cruel ou não. O outro entende esse tratamento, porque todos ali são vítimas (assim eles acreditam) e necessitam sobreviver, pelo menos com a alma intacta. Há o conhecimento de um e o desconhecimento de outro. A dicotomia de um mundo moderno. “Quem é Michael Jackson?”, pergunta-se.

O roteiro apresenta os elementos aos poucos, por conversas. Quando uma crença vai de encontro ao que a senhora pensa, ela julga e acusa, utilizando o argumento massificado politicamente por toda uma vida. Com isso, recorre-se a imposição de ser o que o personagem é (ou tenta ser). “Façam o que quiserem, são os donos do mundo”, diz-se sobre soldados americanos. O sonho buscado envolve dinheiro. Ganhar algo em uma terra perdida é a felicidade maior. Há simplicidade na amizade, nas emoções e na própria trama. A fotografia é competente e capta o interior dessas pessoas, que mesmo sem ter o que comer, preocupam-se com a imagem pessoal que é apresentada aos outros. Há a poesia, quando utiliza a terra e ou a mãe chorando por um outro corpo que não o seu filho. “Laranjas são ótimas em viagens”, diz-se. As interpretações são boas, porém há uma perda final, quando escolhe-se o sentimentalismo. “Sobre o menino querer ser soldado, quando crescer, ele esquece”, diz-se. As línguas incompreensíveis, os apelos, vale tudo para conseguir o que se deseja. “Não me deixe sozinho, estamos na Babilônia”, finaliza-se sobre a necessidade de uma símbolo concreto a fim de dar consistência ao querer da continuação de um caminho incerto.

A Sinopse

Em 2003, três semanas depois da queda do regime de Saddam Hussein, Ahmed, garoto curdo de 12 anos, viaja com a avó pelas estradas desertas e empoeiradas do norte do Iraque. Eles vão em direção ao sul, procurando pelo pai dele, preso pela Guarda Republicana de Saddam ao fim da Guerra do Golfo. No caminho, encontram diversas pessoas em situação semelhante, mas esperançosas de um novo futuro. Ao chegarem na cidade de Babilônia, conhecem um ex-soldado da Guarda que talvez possa ajudá-los. A experiência muda completamente a vida de Ahmed. Prêmios da Paz e da Anistia Internacional em Berlim 2010.

O Diretor

Mohammed Al-Darraji (nascido em 06 de agosto de 1978, em Bagdá , no Iraque ). Ele é um cidadão holandês e iraquiano. Estudou direção teatral em Bagdá e fugiu para a Holanda em 1995, onde se especializou como cameraman. Mais tarde, ele se formou com um mestrado em cinema, em Leeds . Criou vários curtas-metragens e comerciais. Ahlaam , que levou quatro meses para filmar em 2004, em Bagdá durante a guerra estava acontecendo, muito difícil para filmar por causa da eletricidade, que era cortada ao longo do tempo. Perto do final das filmagens, ele alega que ele e três membros de sua tripulação foram seqüestrados, mas conseguiram escapar, que os acusou de fazer um filme propaganda de apoio ao governo iraquiano apoiado pelos EUA. Os seqüestradores estavam se preparando para matá-los, mas com o som das sirenes da polícia, eles fugiram. No mesmo dia, eles disseram terem sido raptados novamente em um hospital de Bagdá por um outro grupo de homens armados que os espancaram e depois os entregaram a militares.

Filmografia

2009 - Filho da Babilônia
2005 - Ahlaam
2004 - Os atores
2004 - Crônica do jogo
2004 - A sopa de galinha
2003 - No. 438