Além da Estrada

Ficha Técnica

Direção: Charly Braun
Roteiro: Charly Braun
Elenco: Esteban Feune de Colombi, Jill Mulleady, Guilhermina Guinle, Hugo Arias
Fotografia: Pablo Ramos e Bruno Alzagar
Montagem: Fernando Coster e Charly Braun
Música: Kevin Johansen, Radiohead, Sigur Ros, Bola de Nieve, Cuarteto Zitarosa, Donovan e outros
País: Brasil / Uruguai
Ano: 2010
Duração: 86min


A opinião

“Além da estrada” é um filme que se deixa acontecer e pelas palavras do diretor Charly Braun “Um filme de viagem, de estrada, então boa viagem a todos”. Busca-se a naturalidade das ações apresentadas, não limitando as imagens mostradas. Soa como um documentário, quando fornece voz ao material bruto. Tenta-se por essas pessoas simples, a simples nostalgia do ser e do estar, optando-se pela elipse da narrativa, enfatizando momentos instantâneos. As cenas desejam transpassar a sensação que se tem quando parte-se de um lugar ao outro. O novo é apresentado. As imagens e dentro do carro, do barco e da carona projetando um futuro. “Cozinhando e matando moscas”, diz-se. “Argentino meio que invade o Uruguai no verão”, conversa-se. A poesia e o lirismo estão em assistir ao sol se esconder no mar, sendo visto por uma doca. Há a liberdade pretendida, invocando o espírito de Bob Dylan de ser. A camera não modifica o olhar quando picardias infantis são realizadas por eles, o cachorro que olha o carro chegar à casa, quando o mesmo animal cai em uma piscina suja no meio do nada, quando crianças brincam sentadas na chuva, o rosto refletido no espelho do carro, o rodeio, o cansaço deles, sono e a ida à danceteria (mais para boate).

“Maracujá, a fruta da paixão”, diz-se com o extremo amadorismo, propositalmente. fotografia clara, ensolarada e detalhista em closes, de percepção 8mm e 16mm, impõe o nada banal do vazio existencial de seus personagens. “Somos escravos de nossas palavras”, diz-se. “Não esqueço, porque tenho a memoria conectada às emoções”, filosofa-se. Há a presença da modelo Naomi Campbell, fornecendo seu depoimento sobre outras visões de outros elementos de outras vidas. Quando o diretor opta por utilizar como trilha sonora “All I need”, de Radiohead e o grupo Sigur Rós, ele delimita o que quer apresentar: a simplicidade, complementado pelo all-star na praia. O final do filme em uma ponte que tem fim, resume por completo a ideia do todo. Concluindo, é um filme que segue o argumento inicial, mas que se perde dentro do vazio que se deseja transpor. Torna-se chato e repetitivo, não sustentando a narrativa, que se comporta sem rumo, com diálogos que pretendem ser naturais, porém se mostram como carentes de aprofundamento e convencimento.

A Sinopse

Sem perspectivas, Santiago, um argentino próximo de seus trinta anos, decide ir ao Uruguai conhecer um terreno deixado por seus pais, mortos tragicamente alguns anos antes. Na chegada, ele encontra Juliette, uma jovem belga em busca de um amor do passado e de uma nova vida. O que parecia ser uma simples carona acaba se transformando em uma breve, porém intensa, jornada. Visitando paisagens e pessoas perdidas no tempo, eles dividem experiências que acabam por aproximá-los, numa relação de crescente afeto e ternura.

O Diretor

Formado em Cinema e Letras pela Emerson College, em 2000. Dirigiu o primeiro filme interativo live action da internet, 17 Life Fables (2000). Seus curtas Quero Ser Jack White (2004) e Do Mundo Não Se Leva Nada (2005) foram exibidos e premiados em festivais, como Rotterdam, Tribeca e Festival do Rio (prêmio de Melhor Curta para Quero Ser Jack White).