Cortina de Fumaça

Ficha Técnica

Direção: Rodrigo Mac Niven
Roteiro: Rodrigo Mac Niven
Fotografia: Rodrigo Mac Niven
Montagem: Rodrigo Mac Niven
Música: Dan Eisenberg, Analog Drink e Solarium Dubfamily
País: Brasil
Ano: 2009
Duração: 94 minutos


A opinião

“Cortina de Fumaça” é um filme que busca a polêmica didática. A narrativa estrutura-se no modelo básico. Há a narração prévia de apresentação do que irá ser abordado. O objetivo do roteiro é buscar respostas sobre as drogas, enfatizando a maconha, que utiliza o princípio ativo da cannabis, uma erva natural. O diretor expressa o desconhecimento (proposital) sobre os elementos, fornecendo imparcialidade ao tema, apenas retratando o filme como a voz das parcelas envolvidas da sociedade. Há sociólogos (na figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso), há Fernando Gabeira, há delegados, médicos, enfim, são utilizados personagens reais, com um certo envolvimento, do nosso cotidiano. As informações técnicas e históricas do tema relacionado comportam-se como a diretriz de tradução da trama ao espectador. A cannabis é vista como positiva no argumento deste documentário, que equilibra e mantém a defesa até o fim. O ponto de vista não é alterado, não se quebrando ideais. “O desafio é conviver com a droga”, diz-se. Os “ensinamentos” acontecem. Alguns pontos: alterar a consciência sem danos pelo uso da droga, maconha não mata neurônio, não vicia, faz bem aos doentes terminais e o principal, já temos ligações de cannabis em nosso organismo e no nosso cérebro, que com o uso constante da cannabis, mantem-se a perfeita harmonia. Eu pensei, pensei e resolvi ligar para um médico amigo meu. E passei a ele todas essas informações. Na verdade a maconha vicia sim, psicologicamente. Os neurônios morrem sim, mas depois de um tempo, novas conexões são criadas pelo cérebro. E sim, o fato é verdadeiro quando se diz que já possuímos “maconha natural”, porém o uso da droga altera a carga permitida. Os embasamentos para que a discriminação da marijuana seja concluída são estatísticas percentuais baixas. A mensagem que é incitada no longa é de que o uso desta droga não faz mal, e sim satisfatório para uma vida. A maconha é classe C, fazendo menos mal do que álcool e tabaco por exemplo. O documentário mostra também feiras internacionais deste universo que vendem “filosofia e soluções”. Como disse é uma narrativa básica, mas que se torna clichê, acadêmica e ingênua quando exacerba o uso de fades e diálogos (frases) de efeito em sons de ecos.

Há o depoimento de tipos epifânios, com o objetivo de participar do mundo o qual eles vivem. A segunda parte do filme deixa de ser suavizada pelo divertimento e informação superficial para entrar na raiz do problema do tráfico. Assim aborda o que acontece e o que se precisa fazer. Mas, de novo, a polêmica está no ar. A mensagem que se passa é a de que os traficantes são vítimas de uma sociedade que vive presa na Zona Sul, chamada de “Mônaco brasileira” e que os jornalistas são burros e ou participam da máfia midiática a fim de perpetuar o interesse político. Resumindo, a maconha é boa, não é porta de entrada para outras drogas, deve-se liberar o consumo para que o ilícito termine e que quem vende a droga é o certo no meio de todo o tema apresentado. Esse é o argumento. Em termos cinematográficos, é vendido muito bem. A sensação final é o querer da droga. Polêmico e inverossímil para quem não concorda, principalmente porque cita Friedman, um dos maiores capitalistas demagogos que já ganharam o Nobel. Portanto esse é o meu ponto de vista. Em termos de cinema, a técnica é básica, dando preferência à ideia totalitária. Eu recomendo porque o debate precisa ser levantado por ser uma vertente social e presente na vida de cada um de nós.

A Sinopse

O filme coloca em discussão a política de drogas vigente no mundo, dando atenção às suas conseqüências político-sociais em países como o Brasil e em particular na cidade do Rio de Janeiro. Através de entrevistas nacionais e internacionais com médicos, pesquisadores, advogados, líderes, policiais e representantes de movimentos civis, traz uma nova visão neste início do século 21 que rompe o silêncio e questiona o discurso proibicionista. Um documentário sobre um tema polêmico que precisa ser debatido de uma forma honesta.

O Diretor

Nasceu em 1976 no Rio de Janeiro. É jornalista e documentarista. Ainda na faculdade trabalhou como cinegrafista, editor e finalizador de programas de televisão. Em 2005 criou a TVa2 Produções onde dirigiu, entre outros, os documentários Por trás de uma última cena, Ei, you! O Haiti antes do terremoto e o especial Pessoas, sobre o poeta Fernando Pessoa.

Filmografia

- Direção e roteiro do documentário “Cortina de Fumaça” - Selecionado para o Festival Internacional de Cinema do Rio 2010
- Direção e roteiro do documentário “Ei,you – O Haiti ates do Terremoto” - 2010, veiculado no canal GNT, na faixa GNT.Doc
- Direção do especial “Pessoas” sobre o poeta português Fernando Pessoa - 2010
- Direção do documentário e de peças comerciais da “Campanha 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” - 2007 (para TV)
- Direção, roteiro e edição do documentário “Por trás de uma última cena” - 2005
- Direção, roteiro e edição do documentário “Paraolimpíadas 2004”, documentário oficial do Comitê Paraolímpico Brasileiro sobre os Jogos Paraolímpicos de Atenas, veiculado no canal SporTV.
- Direção, roteiro e edição do curta de ficção “A Festa” selecionado para o Festival de Belém do Cinema Brasileiro - 2004
- Direção de fotografia e edição do média “Soropositivo” , que recebeu selo do Ministério da Saúde - 2004