Crítica: Buraco Negro

Ficha Técnica

Direção: Gilles Marchand
Roteiro: Gilles Marchand, Dominik Moll
Elenco: Grégoire Leprince-Ringuet (Gaspard / Gordon), Louise Bourgoin (Audrey), Melvil Poupaud (Vincent), Pauline Etienne (Marion)
Fotografia: Céline Bozon
Montagem: Nelly Quettier
Música: Anthony Gonzales, Emmanuel d’Orlando
Distribuidora: Haut et Court
Duração: 104 minutos
País: França
Ano: 2009


A opinião

“Buraco Negro” comporta-se como uma versão francesa de Avatar. O longa interage ações de videogames com a ficção realista. É um thriller de suspense que inicialmente retrata a vida de jovens. O casal protagonista acha um celular perdido e assim a trama direciona o espectador, manipulando os seus entendimentos. O objetivo é esse. A fotografia clara, elegante, ensolarada, com seus personagens bonitos e na flor da idade, mostra a simplicidade de uma vida, tendo a bicicleta como a volta da praia. “Está apaixonado, por isso não transaram”, diz-se com a realidade das conversas nesta idade. Eles tentam resolver o mistério. E a cada fase (metáfora da utilização do jogo) novos elementos são apresentados, estranhos e incompreensíveis em um determinado momento. Eles observam e buscam pistas, acreditando no que vêem. Essa crença torna o espectador um cúmplice.

Este jogo chama-se Back Hole, em que se pode conectar pessoas com uma nova roupagem pessoal. Os tipos góticos e surreais distanciam quem está do outro lado da tela (do cinema). Mas entende-se pouco a pouco a proposta e mensagem do longa. A tentativa de suicídio real, por gás e com uma camera filmando o momento, começa a juntar os pontos do quebra-cabeça. Todos parecem culpados e todos parecem não saber de nada. Então, o jogo de relacionamentos em questão influencia a vida real. São jovens crescidos e decididos, que se acham maduros, mas possuem a ingenuidade natural ainda preservada. O roteiro continua seguindo a estranheza. A tatuagem Heaven (céu) é em alto relevo, inferindo o patamar que se quer chegar. No jogo, há a possibilidade de exteriorizar o que não se pode no mundo real: a violência, a ausência do medo, a prepotência virtual. Ainda há o limite, que não é medido, porque a própria morte é a benção para um mundo melhor. A atmosfera noir moderna, com a mulher fatal, busca que alguém os ajude. Esses jovens precisam desesperadamente de atenção e restrições. O final continua sendo estranho e elipsado, mas com carga previsível, deixando o espectador com a sensação que falta algo.

A Sinopse

O adolescente Gaspard passa o verão no sul da França com a namorada e um grupo de amigos. Tudo vai bem, até eles encontrarem um celular perdido. Indo atrás do dono, se deparam com o mesmo morto em uma estranha cerimônia de suicídio. Ao lado dele está, desacordada, a bela e sedutora Audrey. A moça de visual gótico logo atrai Gaspard, levando-o a adentrar um mundo virtual chamado Black Hole, onde ela vive uma vida paralela e atende pelo nome de Sam. Criando para si próprio um avatar, Gaspard se deixa seduzir pelo jogo dela, ignorando o perigo que o aguarda. Festival de Cannes 2010.

O Diretor

Gilles Marchand (nascido em 18 de junho de 1963) é um cineasta e roteirista francês. Realizou seu primeiro curta-metragem em 1987, L'Étendu. Roteirista, co-escreveu filmes como Harry Chegou para Ajudar (2000) e Lemming - Instinto Animal (2005), de Dominik Moll, e Recursos Humanos (1999), de Laurent Cantet. Dirigiu seu primeiro longa em 2003, Qui a tué Bambi?, selecionado para o Festival de Cannes. Em 2005, foi membro do júri da mostra Um Certo Olhar também do Festival de Cannes.