Crítica: À Procura de Eric



A opinião

O diretor consegue expor os seus personagens do jeito que deseja, humanizando os seus defeitos, imperfeições, frustrações e anseios, sem julga-los entre o certo e o errado. Por isso é um dos maiores realizadores do nosso tempo. Elementos são extraídos, como a ingenuidade das crenças sem questionamentos, um sofrimento resignado de que nada irá mudar, um fracasso latente, porém aceito. Aborda um carteiro com problemas familiares que busca forças na história de sucesso de um jogador de futebol. Há jogos, mas o filme é sobre as vitórias e as derrotas. Ensina que cada indivíduo possui a própria característica, típica e pessoal, de como saber crescer. "O jogo proporciona ver até dois ingleses se beijando", diz-se sobre a frieza de uma cultura inglesa. Há uma ingenuidade sarcástica defensiva nos diálogos, os deixando leves, ácidos, sinceros, não pretensiosos, realistas, convincentes e fazendo com que haja conteúdo para refletir sobre o que está sendo dito. Tudo isso na medida certa sem exageros. "A mais nobre vingança é perdoar", diz-se e complementa-se "Sempre temos mais opções do que pensamos". Não se utiliza de sentimentalismos patéticos. Há uma emoção, direta e precisa, que transforma o cinema em uma excelente ficção real. Vale muito a pena ser visto. Recomendo pelo filme ser sensacional da criação a finalização.

Ficha Técnica

Diretor:Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty
Fotografia:Barry Ackroyd
Montagem:Jonathan Morris
Música:George Fenton
Elenco: Steve Evets, Eric Cantona, Stephanie Bishop, Lucy-Jo Hudson, Gerard Kearns, Stefan Gumbs
Produtor:Tim Cole
Produtora:Wild Bunch
País: Inglaterra
Ano: 2009

A Sinopse

Eric, o carteiro, está desperdiçando sua vida. A caótica família, os enteados travessos e o misturador de cimento no jardim da frente não ajudam, mas é o segredo de Eric que o motiva a mudar. Poderia enfrentar Lily, a mulher que amara há 30 anos? Apesar dos esforços e da grande vontade dos amigos fãs de futebol, Eric continua a afundar. Nas horas de desespero, é preciso um baseado e um amigo especial, vindo de terras estrangeiras, que desafie o perdido carteiro a fazer uma jornada ao mais perigoso dos territórios – o passado. Como dizem os chineses e um francês: “quem tem medo de lançar os dados nunca consegue tirar um seis”.



O Diretor

Nasceu em Nuneaton (Grã-Bretanha) em 1936. Estudou Direito em Oxford. Nos anos 1960, fez vários filmes para a BBC e dirigiu seu primeiro longa, A Lágrima Secreta, em 1968. Entre seus primeiros filmes, destacam-se Kes (1970) e Vida em Família (1971). Com Agenda Secreta (1990), ganhou o prêmio especial do júri em Cannes. Venceria novamente o prêmio com Chuva de Pedras (1993). Dirigiu ainda Ladybird, Ladybird (1994), Terra e Liberdade (1994), A Canção de Carla (1996), Meu Nome é Joe (1998), Pão e Rosas (2000), Os Ferroviários (2001), um dos episódios de 11 de Setembro (2002), Apenas Um Beijo (2003), Tickets (2004), que co-dirigiu com Abbas Kiarostami e Ermanno Olmi, Ventos da Liberdade (2006, Palma de Ouro no Festival de Cannes), o curta Final Feliz (2007) e Mundo Livre (2007).