Jaffa



A opinião

O filme tem uma técnica simples, já peculiar no cinema desse país. Aborda o cotidiano de uma oficina e suas vidas. Os diálogos são realistas, característica que está sendo absorvida como panorama mundial. A narrativa, extremamente competente, conduz com uma música que demonstra o que o personagem está sentindo. A camera é convencial, salvo em alguns momentos que utiliza um elemento sútil para adentrar o mundo instrospectivo da história. A revolta interna é a mais preocupante. A resignação causa frustração, abafamento e atitudes muito pensadas acreditando que é a certa. A inexperiência da vida acarreta o medo das escolhas, fazendo da fuga uma opção. O personagem revoltado para fora é o mais ingênuo. "Aqui não é jardim de infância", diz o pai. É umatrama calculada, bem trabalhada. Quando reviravoltas mudam o rumo, o confronto toma o lugar, tornando o sofrimento racional, precipado, quase um alívio pela mudança que não aconteceu. "Já não é como antes", diz-se, mesmo em na aceitação da repetição das ações. Mostra a globalização e a alienação externa massificada. Vivenciamos o filme. É um argumento comum, já visto em muitos outros, podendo ter sido passado em qualquer lugar, com qualquer personagem. O que diferencia é a maneira como os detalhes acontecem. A atriz que interpreta a mãe é a mesma de "Zion e seu irmão" (com opnião aqui neste blog - arquivo setembro).Vale muito a pena ser assistido. Recomendo.

Curiosidades da Sessão de cinema

O filme ainda não havia chegado. Estava em trânsito. Gerente do cinema em contato com o transportador. "Tá chegando?", perguntou e o motorista responde "Estou no Humaitá. A Voluntários está congestionada". Quando o filme chega, muito atrasado, o gerente avisa que colocará o primeiro rolo, depois o segundo, por isso haverá uma pausa, detalhe que não aconteceu. Nesse momento, grita uma senhora "Pula aquele negócio da Petrobras", e então todos riram e se descontrairam.

Ficha Técnica

Direção: Keren Yedaya
Roteiro: Keren Yedaya, Illa Ben Porat
Elenco: Dana Ivgy, Moni Moshonov, Ronit Elkabetz
Fotografia: Pierre Aïm
Montagem: Assaf Korman
Música: Shushan
País: França / Israel / Alemanha
Ano: 2009

A Sinopse

O jovem Toufik e seu pai Hassan fazem parte de um número considerável de árabes que vive em meio aos judeus na cidade marítima de Jaffa, em Israel. Eles trabalham na garagem de Reuven, que também emprega seu filho Meir e sua filha Mali no negócio familiar. Mali e Toufik alimentam há anos um romance insuspeito e planejam em segredo seu casamento, mas as coisas se complicam para o casal quando tensões emergem entre Meir e Toufik. Seleção Oficial no Festival de Cannes 2009.



A Diretora

Estudou na escola de cinema e fotografia Camera Obscura em Tel-Aviv. Membro de diversas associações pelos direitos das mulheres, toma parte em grupos contra a invasão de territórios palestinos. Após dirigir três curtas-metragens, Elinor (1994), Lulu (1998) e Les dessous (2000), recebeu fundos do Festival de Montpellier para realizar seu primeiro longa, Or (2004), vencedor do prêmio Caméra d’Or em Cannes. Este é seu segundo filme.