Tiro na Cabeça



A opinião

O filme é experimental. Não há diálogos (mais de setenta e cinco minutos). Apenas dois ou três no final. Mas não é mudo. Há movimentos e barulhos de ambientação. Narrativa descritiva de momentos, respeitando o tempo de cada um. A camera, de longe, fazendo o papel de fotografia que se move, observa. Faz o espectador observar. Bisbilhotar a vida alheia. Instantes passam em planos longos e sem cortes. Não ouve nada, mas a história existe. Precisa ser montado o que se vê sem palavras. O que está lá é abafado, limitado, trancafiado. Um documentário de vidas comuns entrelaçadas. O final explica o que não precisaria ser explicado. É diferente, inovador, causa estranheza e incômodo.

Ficha Técnica

Direção: Jaime Rosales
Roteiro: Jaime Rosales
Elenco: Ion Arretxe, Inigo Royo, Jaione Otxoa
Fotografia: Óscar Durán
Montagem: Nino Martínez Sosa
Música:
País: Espanha / França
Ano: 2008

A Sinopse

Ion parece ser um cara normal. Ele acorda de manhã, toma café, trabalha no escritório, encontra a irmã e o sobrinho no parque, toma um drinque com os amigos. À noite, vai a uma festa, conhece uma garota e dorme com ela. Mas esta rotina, feita de eventos comuns, é quebrada no dia em que ele entra em um carro com outras duas pessoas. Eles cruzam a fronteira francesa, e passam a noite na casa de um casal. Na manhã seguinte, matam dois policiais à paisana num encontro acidental. Inspirado no assassinato real de dois guardas civis espanhóis por membros do ETA em 2007.



O Diretor

Nasceu em 1970, na Espanha. Iniciou a carreira escrevendo roteiros para cinema e televisão. Em 1996, recebeu uma bolsa para a Escola Internacional de Cinema e Televisão de Cuba, e depois para a Escola de Cinema e Televisão da Austrália. Seu primeiro longa, Las horas del día, ganhou o prêmio FIPRESCI na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2003. Com Solidão (2007), conquistou o Prêmio Goya de Melhor Filme e Melhor Diretor. Influenciado pelo cinema de Robert Bresson e Yasujiro Ozu.