Crítica: O Rei da Fuga

A opinião

Difícil até dar uma opinião sobre o filme. É estranho, tosco e trash. Às vezes aprofunda os personagens, às vezes os dispersa. Pode-se também utilizar a palavra surreal. Mas não podemos excluir a diversão do filme. Gargalha-se quase todo o tempo. É para assistir sem compromissos, sem esperar nada, porque nada faz sentido. Situações fantasiosas quase deprimentes. Comporta-se sem pudores. Não há personagens bonitinhos, esteticamente perfeitos. O que se encontra são tipos estranhos e humanamente imperfeitos. Em todos os sentidos. Mesmo não fazendo sentido nenhum. É uma grande viagem, quase como um efeito de droga. "Sempre trepamos com o que encontramos", foi dito. Não há identificação. É sonho, realidade ou fantasia de filme B. Se vale a pena ser visto. Só você saberá. Se gostar de comédia escrachada, com sacadas e tiradas ótimas dentro de uma embalagem doida, o filme é certo. Mas se for certinho e buscar algo sério, então escolha outro filme. Até agora, realmente, bato na tecla se gostei ou não.

Armand é um sujeito grande e delicado que trabalha na venda de produtos agrícolas. Atualmente, ele vive em crise com sua vida de homossexual solitário, agravada pela chegada da meia-idade. Quando conhece Curly, uma adolescente apaixonante, ele decide dar uma chance à heterossexualidade. Os dois formarão um casal fora do comum, atraindo os olhares reprovadores da sociedade convencional à sua volta. Perseguidos por todos os lados, iniciam a uma fuga incessante pelo interior do país. Mas, mesmo após tantos esforços, Armand ainda não consegue decidir o que verdadeiramente quer para sua vida.

Ficha Técnica

Direção: Alain Guiraudie
Roteiro: Alain Guiraudie, Laurent Lunetta
Elenco: Ludovic Berthillot, Hafsia Herzi, Pierre Laur, Luc Palun
Fotografia: Sabine Lancelin
Montagem: Bénédicte Brunet, Yann Dedet
Música: Xavier Boussiron
País: França
Ano: 2009



O Diretor

Nasceu em 1964, na França, filho de agricultor. Freqüentou a Universidade de Montpellier e escreveu alguns romances não-publicados. Dirigiu diversos curtas e médias-metragens, entre eles Ce vieux rêve qui bouge (2001), exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes e vencedor do Prêmio Jean Vigo. Em 2003, realizou Pas de repos pour les braves, seu primeiro longa-metragem, também exibido em Cannes na Quinzena dos Realizadores.